Vitória: Conselho Universitário da UFSC indica lista tríplice com nomes escolhidos pela comunidade

Publicado em 03 de Maio de 2022 às 18h22
Apuração das urnas na votação para lista tríplice pelo Conselho Universitário da UFSC. Foto: UFSC à Esquerda.

Em sessão realizada nessa segunda-feira (2), o Conselho Universitário (CUn) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) definiu a lista tríplice que será enviada o Ministério da Educação (MEC) para a escolha de reitor e vice da universidade. A formulação composta pelo CUn é encabeçada pelo professor Irineu Manoel de Souza (reitor) e pela professora Joana Célia dos Passos (vice-reitora), ratificando a vontade da comunidade universitária, expressa em consulta paritária, com a participação de docentes, técnicos, técnicas e estudantes.

Representantes dos três segmentos acompanharam a reunião do Conselho que definiu a lista tríplice, para garantir que fosse respeitada a consulta à comunidade e, também, que o CUn rejeitasse a tentativa de golpe no processo, com a inscrição de uma nova chapa, que sequer participou do processo de escolha pela comunidade.

Tradicionalmente na UFSC, a votação da lista tríplice pelo Conselho Universitário é feita com os nomes da chapa mais votada e outros indicados pelos representantes dessa chapa. No entanto, além dos eleitos e dos indicados, inscreveram-se para concorrer à Reitoria do quadriênio 2022-2026, diretamente no CUn, os professores Luiz Felipe Ferreira, que foi corregedor do Estado na gestão do atual governador Carlos Moisés (Republicanos), e Rafael Luiz Marques Ary (presidente do Partido Novo em Santa Catarina).

Apesar da ratificação por parte do CUn, a comunidade universitária teme um novo processo de intervenção pelo governo federal, como já aconteceu em mais de 23 universidades federais, desde a posse de Jair Bolsonaro.

Na sexta-feira (29), foi ajuizada uma Ação Popular requerendo a suspensão da sessão do Conselho. Como não houve deferimento da liminar, a votação do CUn foi mantida, excluindo os interventores da lista.

Regina Ávila, secretária-geral do ANDES-SN, comemorou a decisão do Conselho Universitário. “Foi um dia histórico na UFSC, com a validação pelo Conselho Universitário da escolha democrática da nossa comunidade universitária, indicando na lista tríplice o reitor e a vice-reitora mais votados. Porém, como ocorre em mais de 20 universidades, a UFSC também está ameaçada de um golpe. Tivemos a inscrição no processo de indicação do CUn de dois candidatos que não participaram do processo de escolha pela comunidade universitária e ainda temos o processo de um vereador bolsonarista questionando a legalidade da escolha da comunidade. Essa é uma realidade que está aqui na UFSC e à qual estamos resistindo”, afirmou.

A diretora do ANDES-SN alertou para a necessidade de manter a resistência até que os nomes escolhidos pela comunidade sejam empossados pelo MEC. “A perspectiva de intervenção está colocada no projeto da extrema-direita, no projeto neoliberal que quer acabar com a universidade pública, com a autonomia universitária e pedagógica, com o conhecimento crítico e com a participação democrática dos estudantes, técnicos e docentes. Hoje tivemos uma vitória, mas a luta não acaba aqui. Vamos ficar na resistência, acompanhando o processo até que a vontade da comunidade da UFSC seja acatada também pelo governo federal”, acrescentou.

Camilla Ferreira, representante do Comando de Greve dos Técnicos e Técnicas da UFSC, reforçou a importância da luta conjunta para que a decisão da comunidade universitária seja respeitada.  “Tivemos aqui presente toda a comunidade - técnicos, professores e estudantes - para fazer a pressão para que, de fato, o CUn pudesse respeitar nossa vontade. Isso ainda não é o final. Precisamos que o professor Irineu e a professora Joana sejam empossados pelo MEC. Então, ainda estamos em luta”, ressaltou.

A representante dos e das TAE destacou também a importância de que o processo de escolha de reitores se encerre na própria instituição. “É preciso, também, que a gente continue lutando para que essa legislação arcaica caia nos próximos anos e que possamos fazer dessa eleição na comunidade universitária, de fato, uma eleição legalmente amparada”, concluiu. Técnicos e técnicas da UFSC estão em greve desde 4 de abril e reivindicam um reajuste salarial de 19,99% e a manutenção do valor do Restaurante Universitário.

O ANDES-SN, historicamente, defende que o processo de escolha de reitores ou reitoras se inicie e se encerre no âmbito das instituições de ensino. Desde que ocorreram as primeiras intervenções, o Sindicato Nacional tem lutado para que reitores e reitoras eleitos sejam empossados. 

Ao menos 25 gestores e gestoras de universidades, institutos federais e cefets já foram indicados por Jair Bolsonaro, desconsiderando a escolha da comunidade acadêmica e em total desrespeito à autonomia universitária.

* Com informações de ANDES/UFRGS e UFSC à esquerda. 

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