*publicada inicialmente em 19/06, no destaque
O segundo dia do Seminário Nacional sobre Reorganização da Classe Trabalhadora (17) teve início com a apresentação dos artistas Dionísio do Apodi e Renata Soraya, do grupo potiguar “O Pessoal do Tarará”. Com humor crítico, a peça abordou a realidade de exploração e precarização da classe trabalhadora.
Na sequência, dando continuidade aos debates, Virgínia Fontes, professora da pós-graduação da Universidade Federal Fluminense, e Osvaldo Coggiola, docente da Universidade de São Paulo e encarregado de Relações Internacionais do ANDES-SN, abordaram o tema “Crise do Capital e a reorganização da classe trabalhadora”. A mesa foi coordenada por Elizabeth Barbosa, 1º vice-presidenta da Regional Rio de Janeiro do ANDES-SN.
A diretora do Sindicato Nacional destacou que com este seminário, que foi aprovado em seu 41º Congresso, o Sindicato Nacional está dando o pontapé inicial para o debate sobre a reorganização da classe trabalhadora. “Essa mesa trouxe vários elementos e desafios de como podemos avançar nessa discussão”, avaliou, ao final dos debates.
Tanto a docente da UFF quanto o diretor do ANDES-SN abordaram aspectos importantes da história da luta da classe trabalhadora brasileira e internacional, para chegar ao patamar que nos encontramos hoje. Ambos destacaram ser fundamental a unidade entre os diferentes segmentos da classe trabalhadora brasileira e também organização internacional dos trabalhadores e das trabalhadoras para os enfrentamentos necessários aos ataques do sistema capitalista.
Virgínia destacou que há uma contradição interessante, pois há uma espécie de consenso internacional forte, que ultrapassa os grupos de reflexões marxistas, de que “a razão dos nossos problemas é o capitalismo”. Para a docente da UFF, o enfrentamento ao Capital é positivamente a forma de coordenar todas as lutas que estão colocadas.
“Nunca houve uma revolução na escala de lutas que nós temos hoje”, disse. Ela lembrou que mulheres, negros e negras, lgbts são trabalhadores, uma parcela dos povos indígenas são trabalhadores, camponeses são trabalhadores e que a luta precisa incluir todas essas parcelas da classe. “Temos que aprender a construir coletivamente o enfrentamento à catástrofe”, afirmou.
Ela concluiu apontando como urgente e necessária a luta contra o Novo Ensino Médio, uma pauta que unifica diferentes setores da sociedade contra o empresariado da educação, em defesa de um dos direitos essenciais da classe trabalhadora, a Educação pública, gratuita e de qualidade.
Osvaldo Coggiola iniciou destacando a preferência por usar a expressão movimento operário, a qual considera mais abrangente que movimento sindical. “Movimento sindical é apenas um aspecto do movimento operário. Não podemos limitar o conjunto da luta da classe operária ao movimento sindical”, observou. “Classe operária brasileira é parte da classe operária internacional. A única saída para a crise do Capital é internacional”, acrescentou.
Ele ressaltou ser importante agir para criar organizações de base que permitam combater, conjuntamente, com todas as categorias do movimento operário, as necessidades imediatas e históricas da classe trabalhadora.
O diretor do ANDES-SN destacou a necessidade de vincular as lutas brasileiras com as internacionais e relatou o processo de organização que culminou na construção do 2º Congresso Mundial contra o Neoliberalismo na Educação, realizado no início de junho no Panamá. O ANDES-SN esteve presente com uma delegação e irá contribuir para a organização do próximo congresso que será realizado no Rio de Janeiro, em 2024.
“Esse é um movimento que temos conseguido criar em nível educacional continental. Esse não foi um movimento que caiu do céu, nós o criamos. Decidimos criar um movimento continental com sindicatos e organizações para enfrentar os ataques do neoliberalismo na educação”, contou. Coggiola observou a necessidade e intenção de ampliar a participação e garantir a presença de trabalhadores e trabalhadoras da educação da África no próximo congresso.
O diretor do ANDES-SN fez ainda um resgate da história de construção das entidades sindicais no país, passando pela criação do ANDES-SN, da CUT, da CSP-Connlutas até o momento atual e reforçou o desafio de uma organização da classe trabalhadora que conte com os diferentes setores dos movimentos sindicais, sociais e populares. “Temos que nos inserir no cenário da História. Ela não pode ser acelerada ao bel-prazer de seus protagonistas”, alertou.
Com participação de mais de 80 docentes, o Seminário Nacional sobre Reorganização da Classe Trabalhadora acontece de 16 a 18 de junho, na Universidade Federal do Semiárido, em Mossoró (RN). Acompanhe a cobertura do Seminário nas nossas redes e site. Acesse aqui ao álbum de fotos no Facebook.
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