Estudo projeta possibilidade de centenas de milhares de mortes em Gaza até agosto

Publicado em 22 de Fevereiro de 2024 às 13h01. Atualizado em 22 de Fevereiro de 2024 às 13h03

Segundo levantamento, até cerca de 260 mil palestinos e palestinas poderão morrer nos próximos seis meses, caso haja escalada nos ataques de Israel

Um estudo divulgado nessa segunda-feira (19) aponta que entre 62.350 e 259.680 palestinos e palestinas poderão morrer, até agosto, de ferimentos ou doenças, caso haja uma escalada nos ataques de Israel na Faixa de Gaza. O levantamento “Crise em Gaza: Projeções de Impacto na Saúde com Base em Cenários” é realizado por equipes da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres e do Centro de Saúde Humanitária da Universidade Johns Hopkins.

Segundo as autoras e os autores da pesquisa, o projeto visa estimar o potencial impacto na saúde pública da guerra em Gaza, sob diferentes trajetórias futuras de sua evolução. O primeiro conjunto de projeções abrange um período de seis meses, de 7 de fevereiro a 6 de agosto de 2024. As projeções serão atualizadas periodicamente até maio de 2024. Os números destacados são uma média e todas as projeções apresentam intervalos de incerteza de 95%, conforme mostrado na Tabela Resumo abaixo.

O sumário da pesquisa destaca que as projeções não são previsões do que acontecerá em Gaza, mas fornecem uma gama de possibilidades do que poderá ocorrer sob três cenários distintos: 1) um cessar-fogo permanente imediato; 2) status quo (continuação das condições experimentadas de outubro de 2023 até meados de janeiro); e 3) uma escalada adicional do conflito.

“Ao longo dos próximos seis meses, projetamos que, na ausência de epidemias, ocorreriam 6.550 mortes em excesso sob o cenário de cessar-fogo, aumentando para 58.260 sob o cenário de status quo e 74.290 sob o cenário de escalada. No mesmo período e com a ocorrência de epidemias, nossas projeções aumentam para 11.580, 66.720 e 85.750, respectivamente”, aponta o levantamento. 

De acordo com o estudo, sob o cenário de cessar-fogo, as projeções sugerem que as doenças infecciosas seriam a principal causa de mortes em excesso, com 1.520 mortes totais em excesso por doenças infecciosas sem epidemias e 6.550, incluindo epidemias. Lesões traumáticas seguidas de doenças infecciosas seriam as principais causas de mortes em excesso tanto no cenário de status quo (53.450 lesões traumáticas; 2.120 mortes totais em excesso por doenças infecciosas sem epidemias e 10.590, incluindo epidemias) quanto nos cenários de escalada (68.650 lesões traumáticas; 2.720 mortes totais em excesso por doenças infecciosas sem epidemias e 14.180, incluindo epidemias).

“Nossas projeções indicam que, mesmo no melhor cenário de cessar-fogo, milhares de mortes em excesso continuarão a ocorrer, principalmente devido ao tempo necessário para melhorar as condições de água, saneamento e abrigo, reduzir a desnutrição e restaurar os serviços de saúde funcionando em Gaza”, destacam as autoras e os autores. 

Conforme a publicação, as projeções são baseadas em uma variedade de dados, disponíveis publicamente, das crises atuais e passadas em Gaza, dados de crises semelhantes e pesquisas publicadas sobre estimativas de mortes em excesso, levando em consideração as limitações e vieses de diferentes fontes de dados. Quando os dados são limitados ou indisponíveis, as projeções se baseiam em consultas a especialistas. “Essas projeções foram elaboradas para ajudar organizações humanitárias, governos e outros atores a planejar sua resposta à crise e tomar decisões sólidas baseadas em evidências. No final, a esperança é que elas contribuam para salvar vidas”, afirmam as pesquisadoras e os pesquisadores.

Confira aqui o levantamento, em inglês

ANDES-SN em solidariedade ao povo palestino
Diante do agravamento da situação na Faixa de Gaza, a diretoria do ANDES-SN reafirma, em nota divulgada nesta terça-feira (20), a solidariedade do Sindicato Nacional com o povo da Palestina. Reitera, ainda, a condenação ao genocídio que está sendo perpetrado contra o povo palestino, pelo governo reacionário do Estado de Israel, do qual mulheres e crianças são as principais vítimas.

“Neste sentido a recente declaração do presidente Lula, no sentido de reconhecer o genocídio do povo palestino da mesma forma que praticado contra os judeus pelo nazismo, não traz imprecisões históricas. Trata-se de um genocídio contra o povo palestino e não de uma guerra. É também louvável a decisão de fazer novos aportes de recursos para a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Médio (UNRWA) diante do boicote a esta agência que o governo dos EUA e alguns governos da Europa, decidiram em apoio ao colonialismo e apartheid do governo de Israel”, afirma a nota. 

A diretoria do ANDES-SN afirma, ainda, que o 42º Congresso da categoria, que ocorrerá entre 26 de fevereiro e 1 de março, será um importante momento para que o tema seja colocado em debate e que resoluções acerca da matéria venham a ser tomadas. “Nosso sindicato tem, em reiteradas oportunidades, manifestado apoio à causa palestina, o seu direito à autodeterminação, e de condenação ao massacre e genocídio do povo palestino”, lembra. Leia aqui a nota.

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