Mais de 1.700 foram encontrados em situação de trabalho escravo em 2018

Publicado em 01 de Fevereiro de 2019 às 17h02. Atualizado em 01 de Fevereiro de 2019 às 17h18

Na semana que marcou o dia de combate ao Trabalho escravo no Brasil (28/1), a Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT) divulgou números preocupantes. Segundo o órgão ligado ao Ministério da Economia, 1.723 trabalhadores foram flagrados em condições análogas às de escravo em 2018.

Campanha desenvolvida pelo MPT, que disponibiliza em seu site a "lista suja" de empresas flagradas


Conforme o levantamento, 523 trabalhadores foram resgatados de condições análogas às de escravo em área urbana enquanto que no meio rural houve 1.200 casos. Em 2017, a SIT registrou 645 trabalhadores encontrados nessa situação.

A coordenadora regional de Erradicação do Trabalho Escravo (Conaete), Lys Sobral Cardoso, afirmou que os casos de trabalho escravo urbano têm como um dos fatores o êxodo rural. “Os trabalhadores continuam saindo do meio rural para o meio urbano. Por falta de oportunidades, eles se sujeitam a qualquer oferta de trabalho que surge, o que aumenta sua vulnerabilidade”, explicou a procuradora do Ministério Público do Trabalho. 

No ano passado, o Ministério Público do Trabalho (MPT) recebeu 1.251 denúncias, ajuizou 101 ações civis públicas. Celebrou ainda 259 termos de ajuste de conduta (TACs) relacionados a trabalho escravo.  

Segundo o Observatório Digital do Trabalho Escravo no Brasil, a pecuária e o cultivo de café estão entre as atividades econômicas com maior número de casos. A ferramenta foi desenvolvida pelo MPT em conjunto com a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e reúne de forma integrada diversos dados sobre o tema. Com isso, é possível traçar perfis de vulnerabilidade à exploração.

De acordo com o observatório, 30,9% dos trabalhadores em condições análogas às de escravo são analfabetos e 37,8% possuem até o 5º ano incompleto. Em 2018, o estado com maior número de resgates foi Minas Gerais (235), seguido de Goiás (135) e Pará (121). Entre 1995 a 2018, foram realizados mais de 50 mil resgates. O site do Ministério Público do Trabalho disponibiliza a publicação atualizada do Cadastro de Empregadores flagrados com mão de obra análoga à de escravo. A publicação da chamada "Lista Suja" era de responsabilidade do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Com a extinção da pasta, passou a ser atribuição do Ministério da Economia.

Chacina de Unaí
O Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo foi estabelecido em 2009. O dia foi escolhido em homenagem aos auditores-fiscais do trabalho Eratóstenes de Almeida, João Batista Soares Lage e Nelson José da Silva, e ao motorista Ailton Pereira de Oliveira. Os quatro foram assassinados em Unaí (MG) em 28 de janeiro de 2004, quando investigavam denúncias de trabalho escravo na região. O crime, que completou 15 anos nessa segunda, ficou conhecido como Chacina de Unaí.

No dia 19 de novembro de 2018, o TRF1 anulou o julgamento de Antério Mânica – um dos mandantes. As penas de Norberto Mânica (mandante), de Hugo Alves Pimenta (intermediário) e de José Alberto de Castro (intermediário) foram reduzidas. Os executores do crime são os únicos que cumprem penas.

* Com informações do MPT

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