Brasília receberá 1ª Marsha Nacional pela Visibilidade Trans no domingo (28)

Atualizado em 30 de Janeiro de 2024 às 12h33

Evento celebra 20 anos de luta e resistência em defesa das pessoas trans e travestis e marca o Dia da Visibilidade Trans, comemorado em 29 de janeiro

No próximo domingo (28), a Brasília (DF) receberá a 1ª Marsha Nacional pela Visibilidade Trans. Organizada pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) e pelo Instituto Brasileiro de Transmasculinidades (Ibrat), a atividade reunirá as comunidades trans e travestis brasileiras em um ato de luta e celebração do Dia da Visibilidade Trans no Brasil, comemorado em 29 de janeiro. 

“Desde 2004, o Dia Nacional da Visibilidade Trans tem sido fundamental para aumentar a conscientização sobre os desafios e conquistas da comunidade trans e travestis no país”, disse a Antra, em suas redes sociais. Naquele ano, lideranças travestis e transgêneros foram ao Congresso Nacional se manifestar em favor da campanha "Travesti e Respeito", em um histórico ato político em favor do respeito à diversidade de identidade de gênero no Brasil.

A mudança para “Marsha” não é um erro de grafia, conforme explicam as organizadoras, e sim uma homenagem à ativista estadunidense Marsha P. Johnson, que lutou no levante de Stonewall e, posteriormente, foi assassinada em 1992, se tornando uma das principais figuras de resistência trans a nível global.

De acordo com a Antra, a Marsha pautará a luta contra o RG Transfóbico, a defesa de um envelhecimento trans saudável, a promoção de um futuro vivível para infâncias trans, entre outras demandas. “Pediremos por ações concretas contra os transfeminicídios, incluindo a desmilitarização da polícia, levantamos a voz pela igualdade de direitos, respeitando a diversidade corporal e de gênero”, afirma a associação.

O ato no dia 28 de janeiro terá início às 13 horas em frente ao Congresso Nacional, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Estão previstas apresentações artíticas, falas políticas, oficinas, uma caminhada até o Museu da República (às 17h) e, na sequência, a projeção de um filme sobre os 20 anos do Dia da Visibilidade Trans no Brasil.

“A 1ª Marsha Nacional pela Visibilidade Trans celebra os 20 anos de atuação política do movimento trans numa esfera nacional, celebra a resistência de corpos que, mesmo excluídos das políticas públicas, seguem lutando pelo reconhecimento de seus direitos. A Marsha é uma denúncia das inúmeras violências que colocam o Brasil do topo do ranking mundial de assassinatos de pessoas trans, mas, também, é uma celebração, na medida em que ousamos seguir afirmando nossas existências, celebramos a irreverência de criarmos nossos próprios modos de afirmar nossos gêneros para além de um suposto destino biológico. O nosso grito é de dor e de alegria: vidas trans importam!”, comenta Letícia Carolina do Nascimento, 2ª vice-presidenta da Regional Nordeste 1 do ANDES-SN.

A diretora do Sindicato Nacional, que estará presente na Marsha, ressalta a importância da entidade e da categoria docente participarem do ato e das demais atividades pela Visibilidade Trans e em defesa da vida e de direitos das pessoas trans. “Cada vez mais o ANDES-SN tem buscado desenvolver uma práxis revolucionária, que compreenda a diversidade que atravessa a classe trabalhadora. Ao tempo que convidamos a base para participar deste momento, ressaltamos que, compor a Marsha Trans, não deixa de ser um momento educativo no qual nós, trabalhoras/es da educação, podemos aprender sobre as violências e resistências tecidas a partir das experiências de vida de pessoas trans. Quando pessoas trans avançam na luta pelos seus direitos, toda a classe trabalhadora também avança!”, convoca a diretora.

Basta de violência
O Brasil continua sendo um dos países mais perigosos, no mundo, para pessoas trans. De acordo com levantamento da Antra, somente entre 2017 e 2022 foram registrados 912 assassinatos de travestis, mulheres trans, homens trans e pessoas não binárias do Brasil, com uma média de 121 mortes por ano. Alarmantemente, 80% dessas vítimas eram negras, evidenciando a interseccionalidade das violências sofridas.

As pessoas trans, travestis e não-bináries sofrem ainda com violências por agentes de segurança do Estado, barreiras no acesso à Saúde, Educação, a outras políticas públicas e ao trabalho, além de discriminação em diversas áreas da vida.

29 de janeiro - Dia Nacional da Visibilidade Trans
“Em comemoração aos 20 anos de instauração do Dia Nacional da Visibilidade Trans, vamos ocupar o Congresso para exigir segurança, educação, empregabilidade e saúde específica para a nossa população”, ressalta a Antra.

No dia 29, também estão previstas várias atividades na capital federal como ato no Congresso Nacional, a partir das 10 horas; entrega do troféu "Fernanda Benvenutty", às 17 horas no Auditório do Ministério de Direitos Humanos e Cidadania. No mesmo local, às 18 horas, acontecerá o lançamento da 7ª edição do Dossiê Antra.

O documento atualiza dos dados de 2023 sobre assassinatos e violências contra travestis e transexuais brasileiras. “A necro-trans-política seguiu promovendo o genocídio da população jovem trans negra no país. Nos deparamos ainda com o fato de o Brasil ter seguido como o que mais assassinou pessoas trans do mundo, pelo 15º ano consecutivo”, afirma a entidade.

Serviço
1ª Marsha Nacional pela Visibilidade Trans
Quando: 28 de janeiro
Horário: a partir das 13h
Local: em frente ao Congresso Nacional, Brasília

* com informações e arte da Antra

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