Câmara dos Deputados da Argentina aprova legalização do aborto

Publicado em 11 de Dezembro de 2020 às 16h38. Atualizado em 21 de Dezembro de 2020 às 16h45

Em 2018, tema foi aprovado pela Câmara, mas rejeitado pelo Senado

O projeto de lei que descriminaliza e legaliza o aborto na Argentina foi aprovado na Câmara dos Deputados, nesta sexta-feira (11), por 131 votos a favor e 117 contrários. Atualmente, no país, só é permitido abortar legalmente se a mulher tiver sofrido abuso sexual ou correr o risco de morrer na gestação.

De acordo com o texto do projeto, fica autorizada a interrupção da gravidez até a 14ª semana de gestação. Uma vez solicitado o procedimento, deverá ser realizado no prazo máximo de dez dias corridos. Da mesma forma, fica estabelecido que a prática deve estar inserida no Programa Médico Obrigatório (PMO) para garantir a cobertura integral e gratuita tanto do setor público quanto das entidades privada e planos.  Antes de solicitar um aborto, a pessoa grávida deve dar seu consentimento por escrito. Para menores de 16 anos, será necessário estar acompanhada por um dos responsáveis.

O projeto, apresentado pelo presidente Alberto Fernández, segue para o Senado com expectativa de apreciação antes do final do ano. Mas se o governo não tiver os votos necessários, a votação poderá ser adiada para fevereiro de 2021.

Sessão

Durante a sessão na Câmara, que durou quase 20 horas, deputados defensores e opositores ao projeto se manifestaram. Do lado de fora, em Buenos Aires, milhares de pessoas acompanhavam suas intervenções por meio de telões em uma praça dividida em duas por cercas: de um lado, a maré verde a favor da legalização. De outro, manifestantes vestidos de azul, que rejeitam a mudança. Essa é a nona vez que o Congresso aprecia projetos como esse.

Para os defensores da lei, a descriminalização e legalização do aborto no país evitará abortos clandestinos, ampliando o direito de mulheres de escolher e dando mais ferramentas para situações de violência sexual. O caso da menina Lúcia, de 11 anos, estuprada pelo avô de criação, teve grande repercussão no país. A criança esperou mais de um mês em um hospital do país por um procedimento, mesmo com a autorização da Justiça. No Brasil, caso semelhante ocorreu com uma menina de 10 anos que era estuprada pelo tio desde os seis anos de idade. Fundamentalistas religiosos tentaram impedir o procedimento autorizado pela família e pela Justiça.

Maré verde
Em 2018, após enormes mobilizações, as mulheres conseguiram pressionar a Câmara dos Deputados a aprovar projeto semelhante. No entanto, o Senado argentino rejeitou a proposta, mantendo em vigor a lei que criminaliza o aborto. Mesmo com a derrota, as manifestações na Argentina sensibilizaram mulheres de todo o mundo. Na América Latina, em especial, ocorreram diversos atos em defesa do aborto legal, seguro e gratuito. Em 2019, um novo projeto foi apresentado por integrantes da Campanha Nacional pelo Direito ao Aborto Legal, Seguro e Gratuito, mobilizando milhares de mulheres. Porém, o projeto não prosseguiu. 

ANDES-SN
O aborto legal, seguro e gratuito é uma das pautas defendidas pelo ANDES-SN. Em 2015, no 34º Congresso da entidade foi aprovada a luta em defesa da descriminalização do aborto no país. Já em 2018, durante o 37º Congresso, foi aprovada a luta pela legalização do aborto, além do fortalecimento de oferta de políticas públicas de saúde direcionadas aos direitos sexuais e reprodutivos para atender as mulheres.

 

Com informações de Clarín e La Nación

Foto: Campanha Nacional pelo Direito ao Aborto Legal, Seguro e Gratuito

 

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