Em mais um discurso negacionista, Bolsonaro faz comentário homofóbico para minimizar mortes causadas pela Covid-19

Publicado em 12 de Novembro de 2020 às 12h57

“Tem que deixar de ser um país de maricas”, disse o presidente Jair Bolsonaro, em um evento na tarde de terça-feira (10) sobre a retomada do turismo no país. A fala foi uma crítica às medidas de proteção e distanciamento social como forma de diminuir o contágio da covid-19. De acordo com o presidente, a pandemia, que já matou mais de 162 mil brasileiros foi “superdimensionada”. “Tudo agora é pandemia. Tem que acabar com esse negócio”, declarou. 

A manifestação pública foi a primeira após o presidente ter comemorado, em suas redes sociais, a suspenção, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do estudo clínico da vacina CoronaVac, após a morte de um voluntário da pesquisa. No entanto, já foi comprovado que o óbito não teve qualquer relação com a pesquisa. 


O presidente chegou a afirmar que a interrupção da pesquisa foi mais uma vitória sua, em referência ao adversário político, João Dória (PSDB), governador de São Paulo. A vacina está sendo desenvolvida pelo Instituto Butantã, do estado de São Paulo, em parceria com o laboratório chinês Sinovac Biotech.

Após pedido apresentado por parlamentares, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou prazo de 48 horas para que a agência explique o que motivou a decisão de interromper o estudo. O despacho do ministro Ricardo Lewandowski determina que a Anvisa se explique não apenas especificamente sobre a suspensão da CoronaVac. Mas que apresente relatórios detalhados sobre todos os estudos e experimentos relacionados ao estágio de aprovação dessa e de todas as demais vacinas contra a covid-19.

Ainda durante o evento no Palácio do Planalto, o presidente Bolsonaro condenou novamente o fechamento do comércio e alegou que, os alertas em relação a uma segunda onda de contaminação pelo novo conoravírus, seriam mais uma tentativa de “amedrontar o povo”. Segundo a última atualização do Ministério da Saúde, mais de 5,6 milhões de brasileiros foram diagnosticados com a covid-19, dos quais 162 mil morreram vítima do vírus. 

Repúdio
Não é a primeira oportunidade em que o presidente faz discursos negacionistas para minimizar os impactos da pandemia e colocar em questionamento a eficácia das vacinas, em desenvolvimento, contrariando, inclusive, orientações das autoridades sanitárias nacionais e internacionais. Além disso, Bolsonaro, outra vez, utiliza expressões homofóbicas e xenófobas, o que é considerado crime pela legislação brasileira. 

O ANDES-SN, reiteradamente, tem se manifestado contra o total descaso do governo federal diante da grave crise sanitária e ausência de políticas públicas de enfrentamento à pandemia de Covid-19. Além disso, o Sindicato Nacional segue fazendo frente aos ataques das mais diversas ordens, por parte do governo federal, e constantes medidas para desmonte dos serviços públicos essenciais, como Saúde e Educação.

A entidade reafirma, novamente, seu papel no combate contra todas as formas de opressão e humilhação e irá cobrar, junto aos demais movimentos sociais e sindicais, a responsabilização do presidente por suas posturas LGBTfóbicas, de ataque à população brasileira e de descaso com as milhares de mortes no país.

Impeachment
O ANDES-SN é signatário, conforme deliberações congressuais, de um pedido de impeachement do governo Bolsonaro. O documento, assinado por mais de 400 entidades da sociedade civil e partidos políticos, foi protocolado em maio na Câmara dos Deputados. 
‘‘O ANDES-SN, em consonância com seus quase 40 anos de luta como Sindicato classista e combativo, assina o pedido de impeachment de Jair Bolsonaro. Não temos nenhuma ilusão com esse Congresso Nacional, mas entendemos que esta ação política é uma ferramenta importante para mostrarmos a nossa disposição de luta nessa conjuntura. Esperamos contribuir para a construção da unidade necessária para derrotar este governo Bolsonaro/Mourão’’, pontuou Antonio Gonçalves, presidente do ANDES-SN.


De acordo com a agência de notícias A Pública, até meados de agosto, 1458 pessoas e organizações assinaram pedidos de impeachment do presidente Jair Bolsonaro. Dos 53 pedidos enviados ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e recebidos pela casa, apenas um foi arquivado até hoje. No total, incluindo aditamentos e pedidos rejeitados e retirados pelos autores, foram 56.


* com informações do Congresso em Foco, Rede Brasil Atual e Agência A Pública

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