Em nota, ANDES-SN aponta exploração predatória da Braskem como responsável por crise em Maceió

Atualizado em 04 de Dezembro de 2023 às 13h06

A tragédia e os suplícios vividos pelos moradores da capital alagoana desde 2018, que têm a petroquímica Braskem como principal algoz, escreveu mais um dramático e absurdo capítulo na terça-feira (28). Tremores causados pelo deslocamento do solo nas áreas próximas ao bairro Mutange, levaram à decretação de estado de emergência por 180 dias e à orientação para que famílias, que habitam os bairros Flexal de Baixo e Flexal de Cima, abandonem suas casas devido ao risco de afundamento. No local funciona a mina 18 de extração de sal-gema da petroquímica.

Em nota, o ANDES Sindicato Nacional aponta que a tragédia “tem origem nas necessidades de predação extrativa do Capital, operado pela Braskem, que coloca o lucro acima da vida. Suas práticas empresariais geraram instabilidade no solo e abalos sísmicos em bairros populares da cidade, ensejando irreparáveis perdas para a classe trabalhadora”. Na avaliação do Sindicato, o estado atual de colapso iminente é uma evidente falência dos protocolos de emergência dos órgãos estatais.

O documento destaca ainda a falta de assistência às famílias deslocadas, onde os valores concedidos a título de aluguel social não permitem “que as famílias possam enfrentar esse momento de suas vidas com um mínimo de dignidade e amparo”.

Outra agravante destacada pelo ANDES-SN é o dano ambiental causado. O colapso da mina 18 da Braskem resultará em grave elevação do nível de salinidade da lagoa Mundaú, pondo em risco todo o ecossistema do Complexo Estuarino Lagunar Mundaú-Manguaba, além da possibilidade de reações químicas entre os componentes dissolvidos na água.

Alertas não faltaram
A mineração de sal-gema na região da Lagoa Mundaú, em Maceió, acontece desde a década de 1970. Já em 1980, os primeiros alertas sobre os riscos dessa exploração vieram dos professores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Abel Galindo e José Geraldo Marques.

Mas foi no início de 2010 que os avisos sobre a possibilidade de afundamentos em Maceió, provocados pela mineração do sal-gema tocada pela Braskem, começaram a soar mais alto. Estudo realizado por pesquisadores da Ufal e publicado na revista científica Geophysical Journal International mostrava que a exploração mineral em curso provocava aumento do nível do lençol freático na região, com o consequente aumento da pressão interna nos poços, o que poderia causar o afundamento do solo.

O mesmo resultado foi apontado em novo estudo no ano seguinte, dessa vez publicado na Engineering Geology, onde os pesquisadores estimaram que o afundamento poderia atingir até 1,5 metro em algumas áreas da cidade.

Somente em 2018 que o Ministério Público Federal em Alagoas passou a acompanhar o caso (leia aqui). Agora, o colapso iminente da mina 18 pode deixar a área em Maceió com um buraco do tamanho do Maracanã.

A íntegra da nota de posicionamento do ANDES-SN sobre a tragédia na cidade de Maceió e em outras regiões do Estado de Alagoas pode ser lida AQUI.

Foto da capa: Sinteal

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