Em processo autoritário, Unirio quer anular posse de professora após oito anos de dedicação à instituição

Publicado em 01 de Julho de 2022 às 16h45
Professora Elizabeth Sara Lewis em atividade da Seção Sindical do ANDES-SN na Unirio. Foto: Adunirio SSind.

Após oito anos se dedicando ao ensino, à pesquisa e à extensão na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), a professora Elizabeth Sara Lewis, da Escola de Letras, foi informada pela reitoria que terá sua posse anulada. A docente tem uma atuação destacada na instituição, tendo exercido ao longo do período as funções de coordenadora do curso de Licenciatura, membro do Conselho de Centro, membro do Núcleo Docente Estruturante do curso de Licenciatura em Letras e presidenta da seção sindical do ANDES-SN na universidade, a Adunirio SSind.

Além de todas essas atividades, Elizabeth participou também de projetos de extensão de impacto significativo na comunidade, atuando ainda na Comissão Permanente de Pessoal Docente (CPPD) e no Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe). “A docente alcançou distinção como pesquisadora, carregando consigo o nome da Unirio ao receber reconhecimento externo pelo seu brilhantismo e empenho”, ressaltou, em nota, a Adunirio SSind.

A seção sindical do ANDES-SN na Unirio, com auxílio da assessoria jurídica, buscou diálogo com a Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (Progepe) e a Procuradoria Geral da universidade para buscar uma solução para o caso. No entanto, todos os esforços empenhados até o momento não conseguiram reverter a perseguição à docente que irá prejudicar, para além da professora, a comunidade acadêmica da instituição.

“Indicamos mais uma vez que a Unirio poderia atuar com seu aparato burocrático para defender o desenvolvimento institucional, defender os interesses da comunidade universitária e buscar o melhor caminho para evitar a escalada nos conflitos internos. Infelizmente, porém, vemos novamente a reitoria optar pelo caminho autoritário, que neste caso resulta numa renúncia injustificada da universidade à experiência acumulada de oito anos de trabalho e em mais uma contribuição para a “fuga de cérebro” de uma instituição pública nacional”, afirmou a Adunirio SSind.

Também em nota, o ANDES-SN manifestou irrestrita solidariedade à Elizabeth Sara Lewis e reforçou que “o processo judicial movido pela Unirio expressa uma dimensão autoritária, com forte característica xenofóbica e por isso repudiamos tal processo”.

“É importante destacar que no exercício do cargo, a professora Elizabeth tem se comprometido com atividades pedagógicas de ensino, pesquisa e extensão, exercendo o direito ao processo de ensino e aprendizagem, que é um valor inalienável, universal e sem fronteiras. Além de considerarmos que nossa luta é pela formação de uma sociedade emancipadora, com princípios democráticos que impliquem diretamente o acolhimento de imigrantes em nosso país”, pontuou o Sindicato Nacional. Confira a nota do ANDES-SN.

Entenda o caso
Há anos, tramita na Unirio, um processo jurídico em torno da admissão da docente devido ao fato de que o concurso no qual a professora fora aprovada, em primeiro lugar, exigia, para docentes estrangeiros, o visto permanente no ato da posse, que ocorreu 30 dias após a nomeação. Entretanto, o visto permanente só poderia ser solicitado após a nomeação, e demorava até 90 dias para ser confeccionado, o que efetivamente impediria a posse da professora. Ainda assim, a docente conseguiu garantir a obtenção do documento dentro do tempo determinado, mas a Unirio se recusa a reconhecê-lo no processo.

No final de maio deste ano, a Escola de Letras da instituição lançou carta lamentando a postura da reitoria e solicitando “que qualquer decisão administrativa referente ao caso seja precedida de ampla divulgação de suas motivações à comunidade acadêmica, e do esclarecimento quanto aos esforços tomados para solucionar o caso de maneira favorável à universidade, o que certamente contará com nossa contribuição e mobilização para que a professora permaneça em nossos quadros”.

A Adunirio SSind., depois de todos esforços feitos para buscar uma solução com a reitoria, reforçou a reivindicação da Escola de Letras “para que o debate seja feito, então, de forma aberta com a comunidade e que a Unirio assuma as consequências de mais uma decisão desastrosa que intensifica o clima conflitivo na universidade”

* com informações e foto da Adunirio SSind.

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