Manifestantes voltam a ocupar ruas pelo impeachment de Bolsonaro

Atualizado em 05 de Julho de 2021 às 13h49
Em Brasília, cerca de 40 mil pessoas ocuparam a Esplanada dos Ministérios de acordo com a organização do ato. Foto: Imprensa/ANDES-SN

Milhares de pessoas voltaram a ocupar as ruas de cidades brasileiras neste sábado, 3 de julho, em defesa da vida e para pedir o impeachment de Jair Bolsonaro. Os atos, antes marcados para o dia 24 de julho, foram antecipados após graves denúncias de irregularidades em negociações para a aquisição de vacinas contra a Covid-19 se tornarem públicas e, consequentemente, ganharem os holofotes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga ações e omissões do governo federal no combate à pandemia. 

Pelo menos 362 atos já programados foram realizados em cidades de pequeno, médio e grande porte de todas as cinco regiões do Brasil e tiveram como organizadores movimentos sociais, centrais sindicais e entidades estudantis. O município do Rio de Janeiro registrou uma das maiores mobilizações contra Jair Bolsonaro. A concentração para o ato ocorreu no Monumento à Zumbi, no centro da cidade. No fim da manhã, os e as manifestantes saíram em caminhada pela Avenida Presidente Vargas e seguiram em direção à igreja da Candelária. Com carros de som, faixas e cartazes, o protesto, além de gritar “Fora Bolsonaro”, também pedia mais celeridade na vacinação contra a Covid-19, o fim das privatizações, respeito às comunidades negra e LGBTTI, auxílio emergencial de R$ 600 até o fim da pandemia, mais investimentos em Educação e Saúde, demarcação de terras indígena e a não aprovação da Reforma Administrativa.

Em São Paulo, a manifestação teve início às 15h na Avenida Paulista, em frente ao Museu de Arte de São Paulo (MASP), e passou a ocupar mais de seis quadras da avenida, antes do início de uma marcha para descer a Rua da Consolação e chegar até a praça Roosevelt. O ato contou com dezenas de milhares de pessoasl, que portavam placas de protesto contra o presidente e grandes faixas com mensagens contra Bolsonaro e seu governo, em defesa da vida e contra as opressões.

Já em Brasília, o protesto se concentrou no Museu Nacional a partir das 16h, e seguiu em direção da Esplanada dos Ministérios. Um boneco inflável de cerca de dez metros representando Bolsonaro, com garras e sangue, foi trazido pelos participantes. Pessoas de todas as idades estiveram presentes gritando "Fora Bolsonaro", manifestando contra a privatização dos Correios, da Eletrobrás, em defesa dos povos indígenas e contra a LGBTfobia.

Para Rivânia Moura, presidenta do ANDES-SN, o momento pede que a classe trabalhadora continue avançando na luta. ‘‘Hoje foi mais um dia de luta pelo Fora Bolsonaro. No Brasil inteiro, tivemos pessoas pelas ruas pois não é hora de recuar. É hora de ir para cima do Congresso Nacional para que a vontade do povo brasileiro seja respeitada e que coloque o impeachment de Jair Bolsonaro para andar e que ele possa ser punido por todos os crimes que cometeu’’, comentou.

Manifestantes também participaram de ato no Recife. A concentração começou por volta das 9h na Praça do Derby, de onde saíram em caminhada por volta das 10h, em direção à Avenida Conde da Boa Vista, chegando à Ponte Duarte Coelho por volta das 11h. No local, um grupo usou um rolo e tinta para pintar os dizeres "Bolsonaro Genocida" na rua. Outros manifestantes jogaram tinta bem no início da Ponte Duarte Coelho, onde ocorreram os primeiros ataques da Polícia Militar contra o ato pacífico em 29 de maio e levaram simulações de nota de um dólar, manchadas de vermelho, em alusão à suspeita de propina na compra de vacinas contra Covid-19. 

Manifestações contra o governo Bolsonaro também foram registradas em países europeus como Alemanha, Áustria, Inglaterra e Irlanda. Em Berlim, por exemplo, dezenas de manifestantes se encontraram no Portão de Brandemburgo portando faixas e cartazes em que criticavam a gestão da pandemia no Brasil e pediam o impeachment de Bolsonaro, além de denunciarem a violência contra os povos indígenas. Os cartazes também lembravam a vereadora Marielle Franco, assassinada em março de 2018, no Rio de Janeiro.

Os protestos foram realizados exatamente duas semanas após a mobilização anterior, do dia 19 de junho, e poucas horas após a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, autorizar a abertura de inquérito para investigar o presidente da República por suposto crime de prevaricação. A decisão da ministra atendeu a um pedido da Procuradoria Geral da República (PGR), apresentado na sexta, 2 de julho, e estabelece que o prazo inicial das investigações é de 90 dias.

Os atos contra o governo de Jair Bolsonaro foram registrados em capitais, como Aracaju, Belém, Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Maceió, Manaus São Paulo, Salvador. Manifestantes também estiveram nas ruas de Barreiras (BA), Dourados (MS), Foz do Iguaçu (PR), Humaitá (AM), Itacoatiara(AM), Parintins(AM), Paulo Afonso (BA), Pelotas (RS), Porto Seguro (BA), Viçosa (MG), Vitória da Conquista (BA), dentre outras cidades.

Recomendações sanitárias
A exemplo do dia 29 de maio e do dia 19 de junho, quando milhares de pessoas também participaram de manifestações pelo Fora Bolsonaro, os grupos envolvidos nas mobilizações deste sábado agiram com responsabilidade e a todo instante lembraram os manifestantes acerca da importância do uso do uso de máscara (preferencialmente do tipo PFF2/N95), da manutenção do distanciamento social e da higienização das mãos com álcool gel. Também foi pedido para que as pessoas não compartilhassem objetos pessoais, como garrafas de água, e evitassem tocar olhos, nariz e boca sem que as mãos estivessem limpas.

Pessoas com sintomas gripais, que tenham ou que morem com pessoas que possuem comorbidades, ou que tiveram contato com alguém que teve confirmação de covid-19 com menos de 14 dias, foram orientadas a não participarem dos atos.

 

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