Mulheres fazem ato na Câmara dos Deputados em defesa da aposentadoria

Atualizado em 15 de Abril de 2019 às 17h57

Os 303 lugares do auditório Nereu Ramos não foram suficiente para abrigar as mulheres que estiveram na Câmara dos Deputados na última quinta-feira (11).  Outras duas salas de audiência foram ocupadas pelas mulheres que foram protestar em defesa da aposentadoria e contra a Reforma da Previdência.

Centenas de trabalhadoras de diversas categorias lotaram o auditório da Câmara em defesa da aposentadoria.

O ato “Mulheres Unidas em defesa da aposentadoria” foi convocado pela Frente em Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara. Também organizaram a atividade a Liderança da Minoria e a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher. A manifestação contou com a participação de diversas entidades dos movimentos social e sindical, entre elas o ANDES-SN.

A 1ª vice-presidente do ANDES-SN, Qelli Rocha, avaliou a relevância da atividade para demonstrar a mobilização das trabalhadoras.  “É bem importante para dar um alerta para os parlamentares que, em todo lugar no Brasil, naqueles lugares mais remotos vai ter alguém resistindo à Reforma da Previdência, sobretudo as mulheres, que serão as mais impactadas com essa proposta devastadora”, disse.

A diretora do Sindicato Nacional também destacou a presença dos diversos movimentos na manifestação.  “[Importante] ter agregado centrais sindicais, partidos políticos, movimentos sociais. Isso deu uma conotação de uma frente ampla e unitária pelo enfrentamento e combate à contrarreforma da Previdência”, avaliou.

Diversas vozes contra a Reforma da Previdência

Para Elcimara Campos, da CSP Conlutas, é necessária a construção de uma greve geral para derrotar a contrarreforma e os demais ataques do governo. Ela classificou o atual governo como de extrema-direita, racista, machista e LGBTfóbico.

“É muito importante a atuação das mulheres e dos setores mais oprimidos contra essa reforma, assim como do conjunto da classe trabalhadora, numa perspectiva de que essa reforma é o fim da aposentadoria dos trabalhadores e das trabalhadoras. E, nesse sentido, a gente acha que todas as atividades são importantes. Mas a gente precisa, principalmente, avançar rumo a uma greve geral, com a mais ampla unidade”, ressaltou Elcimara.

Selene Michelin, da CNTE, reforçou a importância da atividade e da resistência das mulheres e destacou a dupla, às vezes tripla jornada, no cuidado da casa. “Nós já trabalhamos sete horas a mais por semana, isso significa muitos anos a mais não contabilizadas no nosso tempo de serviço. Também que nós somos aquelas que cuidamos dos idosos, dos doentes, das crianças e fazemos o papel do Estado”, explicou.

Para a diretora da Fasubra, Mariangela Ferreira Costa, a reforma representa a destruição da Previdência Social. “Nós não temos que pagar essa conta. Quem tem que pagar são os [empresários] devedores, é quem deve à Previdência. A gente não pode aceitar, a gente não vai aceitar mais uma vez esse ataque com as mulheres e com a classe trabalhadora. Nós não vamos pagar essa conta”, afirmou.

Já Mazé Morais, Secretária de Mulheres da Contag, destacou a importância da unidade dos movimentos sociais e entidades sindicais nessa luta. Ressaltou ainda o ataque que a reforma representa para as trabalhadoras rurais. “Esse ataque já iniciou com a [medida provisória] 871, porque ela exclui praticamente 90% das seguradas especiais da Previdência Social”, explicou. “Nós, margaridas do campo, das florestas e das águas não vamos nos aquietar, não vamos nos calar, vamos continuar na luta, na resistência. Nós pararemos o Brasil, barramos essa reforma de qualquer jeito”, acrescentou.

A representante da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas, Luísa Batista, também reforçou que a reforma da previdência essa reforma não traz nenhum benefício à classe trabalhadora. Ao contrário, prejudica, especialmente, algumas categorias. “Por exemplo, no caso das trabalhadoras domésticas é uma atividade muito rotativa, onde a trabalhadora tanto pode passar anos numa residência como passar meses, sem contar a dificuldade que é o recolhimento da previdência social, o reconhecimento do vínculo empregatício. Somos quase 8 milhões, e temos apenas cerca de 40% de trabalhadoras formalizadas, com carteira assinada. A nossa luta é  para garantir direitos, porque direitos a gente não reduz, a gente amplia”, declarou.

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