“Ocupa Brasília” reúne milhares em defesa da Educação e contra privatizações na capital federal

Atualizado em 14 de Junho de 2022 às 20h25

Nesta quarta-feira (14), docentes de todo o país se uniram a estudantes, técnicos e técnicas, e demais categorias de servidores e servidoras no ato "Ocupa Brasília", na capital federal. Mais uma vez, manifestantes foram às ruas contra os cortes na Educação, contra a privatização das estatais e em defesa dos serviços públicos. O protesto reuniu cerca de 5 mil pessoas.

A concentração do ato aconteceu em frente ao Anexo 2 da Câmara dos Deputados. As caravanas de estudantes que chegavam cantavam palavras de ordem como “Tira a tesoura da mão e investe na educação”, “se você paga, não deveria. Educação não é mercadoria”, “Não vai ter corte, vai ter luta”, entre tantas outras que exaltavam a unidade entre estudantes e trabalhadores e trabalhadoras na luta em defesa da educação, dos serviços públicos e pelo “Fora Bolsonaro”. Seções Sindicais do ANDES-SN de diversas Instituições Federais de Ensino enviaram representantes.

Adriane Lima, representante da Associação de Docentes da Universidade Federal do Pará (Adufpa SSind), afirmou que a caravana da UFPA nasceu da mobilização do movimento de greve que acontece na universidade, desde 6 de junho. “O ato aqui em Brasília nos fortalece enquanto movimento, para o debate da greve, dos motivos que nos levam à grevar. Então, no retorno à Belém a gente só tem a crescer o movimento com tudo que a gente vai levar daqui, com toda essa energia, essa força e com os debates que estão sendo travados aqui”, afirmou.

Já Marcos Machry, docente do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), campus Alvorada, e base do SindoIF SSind, contou que no seu estado a luta vem crescendo junto com a conscientização dos trabalhadores e das trabalhadoras a respeito da importância de se mobilizar nesse momento histórico. “Acho que a caravana serve para a gente fortalecer as lutas nacionalmente e conseguir se conectar com as outras mobilizações. Já encontrei alguns outros lutadores de várias partes do Brasil e isso nos dá um panorama geral e ajuda a construir os próximos passos, para que a gente vá crescendo. De certa forma, é um processo de formação política também, dessa pressão em cima do Congresso aqui em Brasília”, avaliou.

“Hoje é mais um dia de mobilização forte do ANDES-SN. Nas nossas bases, [nas universidades federais do Ceará, Cariri e da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira] UFC, Ufca e Unilab, nós temos construído uma mobilização constante contra os cortes, em defesa da Educação Pública e pela nossa carreira, em relação às questões salariais. Tudo isso tem mobilizado a nossa comunidade para grandes atos em defesa da educação. Fomos às ruas no dia 9, estamos reunidos aqui hoje num grande ato pelo setor da Educação, o “Ocupa Brasília”, defendendo a educação pública, o direito de acesso à universidade sem mensalidade e defendendo, obviamente, a carreira docente, que é aquilo que vai garantir o ensino superior público de qualidade no Brasil”, contou Bruno Rocha, presidente do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Estado do Ceará (Adufc Sindicato).

Além das pautas do “Ocupa Brasília”, a manifestação também cobrou resposta à pergunta “Onde estão Bruno Pereira e Dom Phillips?”, servidor da Funai e jornalista, respectivamente, que estão desaparecidos na Amazônia, desde 5 de junho. Servidores e servidoras da Funai, que estão em greve pela exoneração do presidente do órgão, Marcelo Xavier, se juntaram ao ato com cartazes e faixas cobrando justiça por Bruno e Dom e respostas do governo e do Congresso Nacional. 

Diversas representações de movimentos estudantis e sindicais fizeram uso da palavra na concentração, enquanto, dentro do Congresso Nacional, ocorria uma audiência pública no auditório Nereu Ramos, com o tema “Retrocessos Econômicos, Sociais e Ambientais do Governo Federal”. 

Audiência pública
Milton Pinheiro, presidente em exercício ANDES-SN, representou a entidade na audiência e falou da miséria, desemprego e fome que a população brasileira, em especial aqueles e aquelas que moram nas periferias, negros e negras, vem sofrendo. “As pessoas mais vulneráveis de nosso país estão sendo atacadas de maneira nunca antes vista na nossa história recente”, afirmou.

Pinheiro destacou ainda a luta em defesa da Educação Pública, das empresas estatais e da soberania nacional, e das pautas defendidas no ato que ocorria em frente à Câmara. Ressaltou que as entidades da educação apresentaram uma pauta unificada ao Ministério da Educação (MEC), e destacou alguns pontos de reivindicação, como o reajuste salarial de 19,99%, que é o mínimo de recomposição da inflação dos três anos de governo Bolsonaro, a revogação da EC 95 - Teto dos Gastos -, e a recomposição do orçamento da Educação Federal brasileira.

"Muitas das nossas universidades não chegarão a setembro, do ponto de vista do seu funcionamento, em virtude das atitudes criminosas do governo Bolsonaro e seus apoiadores no Congresso Nacional. Além disso, precisamos nos preocupar com o acesso e permanência dos estudantes, em especial dos cotistas que, diante desses cortes, são aqueles que serão mais atingidos por esse sistema de ataques à educação e ao povo brasileiro”, ressaltou.

O presidente do ANDES-SN em exercício exigiu justiça por Bruno Pereira, indigenista, e Dom Phillips, jornalista, ambos desaparecidos na Amazônia desde 5 de junho.  “Essa violência representa o elemento central da destruição da natureza no Brasil, do coronelismo, da prática neofacista pelo interior do Brasil, em especial na Amazônia, pelo uso exacerbado das questões da mineração, do ataque aos povos indígenas e quilombolas, do ataque aos interesses públicos e aos recursos naturais do nosso país”, acrescentou. Assista aqui a audiência.

Caminhada e ato político-cultural
Na sequência, as e os manifestantes subiram a Esplanada dos Ministérios, em direção ao Ministério da Educação (MEC). Com faixas, cartazes e palavras de ordem, chamaram a atenção para as pautas do “Ocupa Brasília” e para o desmonte da educação e da ciência e tecnologia, públicas, e para o risco de fechamento das universidades, institutos federais e cefets, caso o orçamento da Educação não seja recomposto.  

Ao passar pelo MEC, manifestantes fizeram barulho e cobraram, ao microfone e com palavras de ordem, resposta à pauta de reivindicações e o agendamento urgente de reunião com as entidades.
O “Ocupa Brasília” terminou com um ato político-cultural em frente ao Teatro Nacional, próximo à rodoviária da capital, com apresentação do rapper GOG e do grupo de Maracatu de Brasília.

“Nossa avaliação é de que foi um ato muito importante. Só de caravanas de estudantes de todo o Brasil foram cerca de mil pessoas. E se somaram ainda professores, professoras, técnicas e técnicos-administrativos, além de servidores e servidoras de outras categorias. É uma retomada de um movimento maior de massas muito importante, especialmente nesse momento em que as universidades estão sucateadas, com corte de orçamento, que a assistência estudantil está dilapidada e que muitas instituições estão sem restaurante universitário. Nós protocolamos uma pauta unificada no MEC e estamos exigindo audiência. E esse movimento hoje vai impulsionar a luta e pressionar para que sejamos recebidos”, avaliou Regina Ávila, secretária-geral do ANDES-SN.
 

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