Trabalhadores da Alphabet, dona do Google, criam sindicato nos EUA

Publicado em 12 de Janeiro de 2021 às 13h33. Atualizado em 12 de Janeiro de 2021 às 13h34

Trabalhadores da empresa americana Alphabet, que controla o Google e várias empresas, anunciaram na última semana (4) a criação do Sindicato de Trabalhadores da Alphabet nos Estados Unidos da América (EUA). O grupo é afiliado ao Sindicato de Trabalhadores de Comunicações das Américas, que representa as e os trabalhadores de telecomunicações e mídia nos EUA e no Canadá.

O novo sindicato é formado por mais de 200 filiados e filiadas que acreditam que a estrutura da empresa precisa mudar. A Alphabet é acusada de reprimir, perseguir e demitir as e os trabalhadores quando denunciam discriminação, assédios e abusos, ou quando alertam sobre os danos que os produtos e tecnologias das empresas podem causar a sociedade e ainda sobre a política antitruste e monopólio, além das condições de trabalho das e dos contratados.

Em 2018, mais de 20 mil funcionários e funcionárias fizeram uma greve para protestar contra a forma como a empresa lidava com o assédio sexual. Outros se opuseram a decisões de negócios que consideraram antiéticas, como desenvolver inteligência artificial (IA) para o Departamento de Defesa e fornecer tecnologia para a Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA.

No mês passado, Timnit Gebru, uma mulher negra e respeitada pesquisadora de IA, disse que o Google a demitiu depois de ela ter criticado a postura da empresa quanto à contratação de minorias e aos preconceitos embutidos nos sistemas de IA, que cometem mais erros no reconhecimento facial de pessoas negras do que a de brancas. Sua saída gerou uma tempestade de críticas em relação ao tratamento que o Google dá aos funcionários que fazem parte de minorias. O Google tem apenas 1,6% mulheres negras entre todos os seus funcionários e funcionárias.

Em um artigo de opinião publicado no dia 4 pelo jornal New York Times, Parul Koul e Chewy Shaw, presidenta e vice-presidente do sindicato, afirmam que as e os executivos da Alphabet faziam promessas simbólicas às reivindicações das e dos trabalhadores. “Para aqueles que são céticos em relação aos sindicatos ou que acreditam que companhias digitais são mais inovadoras sem sindicatos, queremos relembrar que estes e outros problemas persistem. Discriminação e assédio continuam”, escreveram.

A Alphabet “continua a censurar aqueles que se atrevem a falar, e a impedir trabalhadores de falarem sobre assuntos sensíveis e importantes para o debate público, tais como concentração e poder monopolista”, criticaram.

Para a nova diretoria, é preciso que a Alphabet e Google criem condições de trabalho inclusivas e justas, que sejam responsabilizados as e os autores de assédio, abuso, discriminação, que tenham a liberdade de recusar trabalhar em projetos considerados antiéticos ou que destoem dos seus valores, e que as e os trabalhadores, independentemente da função ou do tipo de contrato, tenham isonomia dos benefícios e voz dentro da empresa.

“Cerca de metade [das] dos trabalhadores na Google são temporários, vendedores ou fornecedores. Recebem salários mais baixos, recebem menos benefícios, e têm pouca estabilidade no emprego em comparação com trabalhadores de tempo inteiro, apesar de muitas vezes fazerem exatamente o mesmo trabalho", afirmam. Eles chamam a atenção das e dos trabalhadores temporários serem, em sua maioria, pretos ou pardos. O sistema de emprego, segundo a direção do sindicato, é segregador.

"Todos na Alphabet - de motoristas de ônibus a programadores, de vendedores a zeladores - desempenham um papel crítico no desenvolvimento de nossa tecnologia. Mas agora, alguns executivos ricos definem o que a empresa produz e como seus trabalhadores são tratados. Esta não é a empresa para a qual queremos trabalhar", completaram.

"A Alphabet é uma empresa poderosa, responsável por vastas áreas da Internet. É usado por bilhões de pessoas em todo o mundo. Tem a responsabilidade de priorizar o bem público".  

Com informações de El País e New York Times

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