28º Grito dos Excluídos e das Excluídas leva milhares às ruas e questiona “independência para quem?”

Atualizado em 12 de Setembro de 2022 às 14h51
No Rio de Janeiro, o Grito reuniu centenas nas ruas do centro da capital. Foto: Luiz Fernando Nabuco/Aduff SSind.

Sob o lema “Brasil: 200 anos de (in)dependência. Para quem?”, o Grito dos Excluídos e das Excluídas promoveu a sua 28ª edição com manifestações em 51 cidades de diversos estados brasileiros. Organizado por movimentos populares e urbanos, centrais sindicais e pastorais da Igreja Católica, o protesto teve como reivindicações trabalho, moradia, terra, comida e democracia. O Grito dos Excluídos e das Excluídas surgiu nos anos 1990, como uma forma de contraponto à narrativa oficial e às celebrações do dia 7 de setembro de um país que, segundo os movimentos que constroem a iniciativa, nunca se tornou totalmente independente.

O ANDES-SN, por meio de suas seções sindicais e da diretoria nacional, esteve presente nos diversos atos espalhados nas cidades do Acre, Alagoas, Amapá, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins.

Em Brasília (DF), manifestação reuniu centenas no Museu da República. Foto: André Luiz / ANDES-SN

Em Brasília (DF), as manifestações ocorreram no último sábado (10) com concentração em frente ao Museu Nacional. No mesmo dia, um novo ato do Grito dos Excluídos e das Excluídas ocorreu embaixo do vão-livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na capital paulistana. Em São Luís (MA), o ato também ocorreu no sábado, na Praça Deodoro, pelo fim do autoritarismo, dos ataques à Educação e dos demais serviços públicos.

Seguindo o mesmo calendário, na capital João Pessoa (PB), movimentos sociais, sindicais e de estudantes se reuniram no sábado (10), na defesa da democracia, por eleições livres e pela garantia dos direitos a moradia, terra, trabalho e soberania. O ato unificado – que reúne 34 organizações, partidos políticos e sindicatos, entre eles a Associação dos Docentes da Universidade Federal da Paraíba (Adufpb – Seção Sindical do ANDES-SN) e a coordenação do Grito dos Excluídos e das Excluídas – ocorreu no Ponto de Cem Réis, no centro, com panfletagem e carro de som denunciando o aumento da miséria, da fome e do desemprego no país, dos ataques ao serviço público e aos setores da Saúde e Educação no Brasil.

Manifestantes também foram às ruas em Belém (PA). Foto: Adufpa SSind.

7 de setembro
No dia 7 de setembro, mesmo sob chuva e frio, o Grito dos Excluídos ocupou a Praça da Sé, no centro da capital paulista. O ato começou com uma ação de solidariedade aos moradores de rua, por volta das 7h, com o oferecimento de um café da manhã. “É um grito contra a fome. Nós estamos na luta para que o enfrentamento da fome esteja no centro da política. O Brasil não pode se conformar com tantas pessoas passando fome”, disse Kelli Mafort, da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

A cidade do Rio de Janeiro amanheceu com uma enorme faixa nos Arcos da Lapa, na qual se lia “Independência é um Brasil sem fome”, assinada pelos movimentos dos Pequenos Agricultores (MPA), dos Atingidos por Barragem (MBA), dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e Unido dos Camelôs (MUCA). Pela manhã, o MPA doou cerca de 5 toneladas de alimentos na Comunidade Morro dos Prazeres.

O Grito dos Excluídos e das Excluídas reuniu representantes de movimentos sociais, coletivos, sindicatos e pastorais no centro da capital fluminense, na Rua Uruguaiana, e seguiu em caminhada até a região portuária. O ato foi encerrado no local de desembarque de milhões de pessoas escravizadas trazidas da África para o Brasil e tombado como Patrimônio Histórico da Humanidade, com a leitura da Carta dos Excluídos, que lembrou que a escravidão no país só foi abolida 66 anos após a Independência.

Docentes também participaram do 28º Grito em Fortaleza (CE). Foto: Nah Jereissati / Adufc SSind.

Em Fortaleza (CE), com a participação do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Estado do Ceará (Adufc-Sindicato), a concentração teve início às 9h em frente ao Terminal da Lagoa, seguida de caminhada até a paróquia Bom Jesus dos Aflitos. O protesto denunciou negligências do governo de Jair Bolsonaro e as injustiças na construção da soberania nacional. A Adfuc-Sindicato disponibilizou um ônibus às e aos associados. O grupo integrou o bloco da educação, na tradicional caminhada, e denunciou a “situação precária de investimentos” em educação, ciência e tecnologia no Brasil. Além da capital cearense, também foram registrados atos nas cidades de Juazeiro do Norte, Crato, Morada Nova e Tianguá.

A Associação dos Docentes da Universidade Federal de Alagoas (Adufal- Seção Sindical do ANDES-SN) também marcou presença no 28º Grito dos Excluídos e das Excluídas, realizado em Maceió, no dia 7 de setembro, no bairro do Vergel. Na ocasião, as e os representantes da entidade reforçaram a importância de defender a democracia e lutar contra o autoritarismo.

Protesto também teve adesão em Maceió (AL). Foto: Karina Dantas / Adufal SSind.

Na Bahia, docentes representantes das seções sindicais do ANDES-SN ocuparam as ruas, em Salvador e nas cidades do interior, junto às demais entidades dos movimentos sindicais, sociais, estudantis e outras organizações políticas. Além da pauta específica da categoria, professoras e professores reivindicaram a defesa da democracia, eleições livres e o Bolsonaro nunca mais. Em Salvador, a concentração foi pela manhã, no Campo Grande.

Já em Manaus (AM), o 28º Grito dos Excluídos e das Excluídas foi realizado na segunda-feira (5), data em que se comemora também o Dia da Amazônia. Com o mote principal “Vida em Primeiro Lugar”, a edição questiona em seu tema: “Brasil: 200 anos de (in)dependência. Para quem?” A manifestação teve participação de grupos religiosos e movimentos sociais de diversos segmentos que pautaram a luta por moradia, comida, emprego, educação, em defesa da Amazônia e dos direitos das crianças, mulheres, imigrantes e povos indígenas. Houve coro de "Fora Bolsonaro".

A programação começou com concentração no Centro de Estadual de Convivência da Família “Magdalena Arce Daou", onde foi celebrada missa. Em seguida, os e as participantes realizaram caminhada pela Avenida Brasil até o monumento da Ponte Jornalista Phelippe Daou, no bairro Compensa.

Manifestantes em Manaus (AM). Foto: Sue Anne Cursino / Adua SSind.

Em Porto Alegre (RS), o Grito dos Excluídos e das Excluídas teve manifestação em frente à Igreja São José do Murialdo. O ANDES/UFRGS esteve presente em defesa, nas urnas e nas ruas, da vida em primeiro lugar. Na cidade de Pelotas (RS), o ato começou por volta das 9h no Largo do Bola, em frente ao Campus das Ciências Humanas e Sociais (CCHS) da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel) e depois se deslocou até a frente do Kilombo Urbano Ocupação Canto de Conexão.

Na cidade de Cuiabá (MT), a organização do Grito promoveu uma programação com atividades em diferentes dias. No dia 3 de setembro, ocorreu uma roda de conversa sobre o tema do Grito, além do lançamento da campanha pelo Limite dos Juros no Brasil, na Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), e um sarau virtual. No dia 5, às 19h, foi exibido o filme brasileiro “Pureza”, no auditório da universidade, baseado na história real de uma mãe que procura pelo filho em meio ao trabalho análogo à escravidão promovido pelo Agronegócio. No dia 7 de setembro, a caminhada do Grito percorreu ruas e avenidas da cidade até a Praça Ipiranga, no centro. Ainda houve atividade na última sexta-feira (9) para mais uma roda de conversa.

Grito dos Excluídos e das Excluídas em Pelotas (RS). Foto: ADufpel SSind.

* Com informações da Agência Brasil e seções sindicais do ANDES-SN

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