Brasil segue como país que mais mata pessoas trans no mundo, aponta relatório

Publicado em 29 de Janeiro de 2021 às 16h48. Atualizado em 29 de Janeiro de 2021 às 16h49

O Brasil garantiu, em 2020, o triste posto de 1º lugar no ranking de assassinatos de pessoas trans no mundo, com índices acima da média. É o que revela o dossiê “Assassinatos e Violência contra Travestis e Transexuais Brasileiras em 2020”, da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra). O levantamento foi lançado nesta sexta-feira (29), Dia Nacional da Visibilidade Trans.

De acordo com o dossiê da Antra, 175 mulheres trans foram assassinadas no país no ano passado. O número representa um aumento de 41% em relação ao ano anterior, quando 124 pessoas trans foram mortas. “É de se lembrar exaustivamente a subnotificação e ausência de dados governamentais”, ressalta o documento.

O ano de 2020 revelou aumento de 201% no número de assassinatos de pessoas trans em relação a 2008. Fonte: Antra.

Diferente dos outros anos, em 2020 todos os assassinatos foram contra travestis e mulheres trans, não tendo sido encontradas evidências sobre o assassinato de homens trans/transmasculinos. Os meses com o maior número de assassinatos foram janeiro, fevereiro, maio, junho, agosto e dezembro. Ou seja, houve aumento significativo das mortes mesmo durante a pandemia do novo coronavírus, quando a população trans se encontrou em maior situação de vulnerabilidade socioeconômica.

Além de denunciar a violência, subnotificada e invisibilizada, contra as pessoas trans, o levantamento alerta para a necessidade urgente de políticas públicas focadas na redução dos homicídios contra pessoas trans, principal grupo vitimado pelas mortes violentas intencionais no Brasil. O dossiê aponta, ainda, que houve aumento também no número de violência nas redes sociais, tentativas de assassinatos e suicídios de pessoas trans em 2020, além do número de assassinatos.

“Notamos aumento em todos os cenários analisados, seja em períodos bimestrais ou semestral, comparado ao mesmo período de 2019. Veremos, ainda, que o aumento da violência denuncia o reflexo da perseguição de setores conservadores do Estado às pautas pró-LGBTI e a campanha de ódio contra o que eles chamam de “ideologia de gênero”, que é um nítido ataque à existência das pessoas trans”, diz o relatório.

Confira aqui o Dossiê “Assassinatos e Violência contra Travestis e Transexuais Brasileiras em 2020”, da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra).


*com informações do Brasil de Fato e da Antra
 

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