Famílias sofrem novo ataque em assentamento no Lote 96 em Anapu (PA); Escola é incendiada 

Publicado em 24 de Agosto de 2022 às 09h55. Atualizado em 24 de Agosto de 2022 às 10h43

As famílias do Lote 96, em Anapu (PA), sofreram um novo atentado cometido por pistoleiros na madrugada da última sexta-feira (19). A escola Paulo Anacleto, que atende crianças e jovens da comunidade, foi incendiada e houve relatos de disparos contra as casas, o que levou diversas pessoas a passarem a noite escondidas na mata. O lote, conhecido como Assentamento Dorothy Stang, é uma área onde vivem 54 famílias de agricultoras e de agricultores, e que já sofreram inúmeros ataques e ameaças.

A unidade de ensino que oferece Ensino Fundamental voltou às atividades em março, após a população da região entrar com uma ação no Ministério Público Federal (MPF). Para voltar a funcionar, a comunidade se mobilizou para reconstruir parte da estrutura que, com o tempo, já havia se desgastado. O atentado deixou a escola completamente destruída.

Após os ataques na última sexta (19), o MPF enviou pedidos de providências à Secretaria de Segurança Pública e à Polícia Civil do Pará pois houve denúncias de um novo ataque no lote 96, que fica às margens da rodovia Transamazônica. Até o momento, e mesmo sob risco de um novo ataque, o Estado ainda não garantiu a segurança da comunidade.

Essa não é a primeira vez que uma situação como essa acontece. Em julho deste ano, o MPF precisou cobrar medidas de proteção para as agricultoras e os agricultores do lote 96 que estão sobre constante ameaça de violência por pistoleiros e grileiros. As famílias sofreram um ataque a tiros em 11 de maio, em que duas casas foram incendiadas. No último dia 22 de junho, um grupo de pistoleiros voltou a rondar o local e o MPF foi acionado.

Situação de risco
A violência no Lote 96 também é potencializada pelo “limbo jurídico” no qual está o território. O MPF considera o caso das terras como área pública federal. No final de junho, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) chegou a publicar no Diário Oficial a criação de um Projeto de Assentamento para as famílias. No entanto, no dia 2 de julho, a Diretoria de Desenvolvimento e Consolidação de Projetos de Assentamento (DD) do órgão pediu a anulação da portaria.

A indefinição da justiça coloca em risco dezenas de famílias de agricultores que contam apenas com suas próprias forças para realizar a defesa do território.

O ANDES-SN, em nota, reiterou o apoio à luta das trabalhadoras e dos trabalhadores - que esperam há mais de 10 anos pela legalização do território - e a apuração imediata dos fatos ocorridos no Lote 96 e punição dos culpados.

"O território tem sido, há muito tempo, palco de violência contra as populações do campo que lutam pelo direito à terra em que vários camponeses já foram assassinados. Desde o assassinato da Irmã Dorothy Stang, dado em 2005, mais de dezena e meia de lutadores e lutadoras sucumbiram ante a ação do latifúndio. Entendemos que tais ataques compõem mecanismos de repressão e dominação por parte do agronegócio local e que encontra suporte na política ambiental adotada pelos Governos Federal e Estadual do Pará, que criminalizam os movimentos do campo e promovem a devastação da Amazônia", repudia o sindicato.  

Confira nota aqui

*Com informações da CSP-Conlutas e Comitê Dorothy

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