Justiça nega tentativa de cercear e criminalizar movimento grevista na Unirg

Publicado em 31 de Janeiro de 2024 às 18h57. Atualizado em 01 de Fevereiro de 2024 às 09h35

Categoria decretou Estado de Greve contra proposta que ataca direitos e autonomia universitária

Docentes da Universidade de Gurupi (Unirg) conquistaram uma grande vitória na última sexta-feira (26). A Justiça do Estado de Tocantins indeferiu o pedido liminar da Fundação Universidade de Gurupi (Unirg) para cercear a mobilização de professoras e professores da instituição, que deflagraram estado de greve no dia 17 de janeiro devido à proposta que altera a Lei Orgânica do Município e traz prejuízos a universidade, afetando a carreira docente, o regime de trabalho e, especialmente, os princípios da autonomia universitária.

A Fundação alegava que a Associação de Professores da Unirg (Apug – Seção Sindical do ANDES-SN) não teria o direito de deflagrar greve e exigia uma pena de R$ 50 mil por dia de descumprimento, caso a greve fosse iniciada.

Para o presidente da Apug SSind., Antônio Jerônimo Netto, a decisão da Justiça é uma vitória do sindicato. “Importante salientar que a Apug deliberou e aprovou, em Assembleia Extraordinária, o Estado de Greve, que consistente em uma mobilização para preparar e conscientizar a base sobre a importância de aderir à luta contra a Proposta de Emenda 04 à Lei Orgânica do Município”, disse. Jerônimo acrescenta que essa proposta de emenda “altera, modifica e revoga os direitos dos professores da Unirg, o regime de trabalho, e a estrutura organizacional”, entre outros aspectos.

Em Gurupi, as e os docentes lutam contra a Proposta de Emenda à Lei Orgânica Municipal nº 4, apresentada na Câmara Municipal no dia 20 de dezembro e aprovada no dia seguinte, em primeiro turno, pelas vereadoras e vereadores. A proposta de emenda cria e altera diversos dispositivos, como o processo de escolha do cargo de Reitoria e Vice-Reitoria permitindo que docentes que não foram as e os mais votados sejam empossados pelo chefe do Executivo Municipal, além de legitimar formas autoritárias de gestão acadêmica. Também implanta o regime de horismo na Unirg (docentes contratadas e contratados serão remunerados apenas pelas horas trabalhadas), amplia a jornada de trabalho docente, ameaça a extensão e a pesquisa na Unirg, diminui a representação das e dos docentes no Conselho Acadêmico Superior (Consup) e, ainda, extingue as coordenações de estágio.

Essa proposta, além de interferir na autonomia universitária ferindo o seu regimento, viola artigos do Plano de Carreira e Remuneração dos Docentes de Ensino Superior da Faculdade Unirg, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e da própria Constituição Federal.

"A falta de clareza no texto da Proposta do Projeto de Lei 005/23 abre brechas que viola os direitos docentes e o princípio universitário do ensino, pesquisa e extensão na Unirg, inclusive violando a efetiva reserva da carga horária docente em 20 horas e 40 horas semanais de trabalho, o direito a progressão dos docentes e a ascensão a Dedicação Exclusiva, ao contrário do que prevê o Plano de Cargos e Salários previsto na Lei 1755/08. A Associação dos Professores Universitários de Gurupi – Seção Sindical do ANDES-SN segue na luta em defesa dos Direitos Constitucionalmente garantidos aos professores da Universidade de Gurupi”, concluiu o presidente da Apug SSind.

Mobilizações
A comunidade acadêmica da Unirg tem realizado diversas manifestações em relação à Proposta de Emenda à Lei Orgânica Municipal nº 4 e aos seus efeitos. Como o debate ocorrido em 26 de janeiro no auditório da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Gurupi, cujo objetivo foi explicar a inconstitucionalidade da proposta. Além disso, foi feito um protocolo na Câmara dos Vereadores contendo o parecer jurídico que ressalta a inconstitucionalidade e ilegalidade da proposta de emenda à Lei Orgânica do Município. Também ocorreram atos de repúdio durante a Semana Pedagógica da Unirg.

No evento, também foi lida uma carta aberta à sociedade gurupiense onde professoras e professores da Unirg denunciam o projeto de emenda à Lei Orgânica do Município por ilegalidades, usurpação de poderes e inconstitucionalidade, além de atentar contra a autonomia universitária.

A íntegra do documento pode ser acessada aqui

Compartilhe...

Outras Notícias
ÚLTIMAS NOTÍCIAS
EVENTOS
Update cookies preferences