Manifestantes protestam no STF em defesa da educação inclusiva e pela revogação do Decreto 10.502

Publicado em 24 de Agosto de 2021 às 15h38. Atualizado em 24 de Agosto de 2021 às 15h47
STF realiza audiências para debater os impactos do Decreto 10.502 na educação inclusiva

Nessa terça-feira (24), representantes de diversos movimentos que lutam em defesa da inclusão escolar de pessoas com deficiência, incluindo o ANDES-SN, estiveram em frente ao Supremo Tribunal Federal para protestar pela revogação do Decreto 10.502/2020. A medida, assinada pelo presidente Jair Bolsonaro em 30 de setembro de 2020, instituiu a Política Nacional de Educação Especial Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida (PNEE), que entre as alterações, retomou o modelo de escolas e classes especiais “como opção” para crianças e jovens com deficiência, promovendo a segregação desses e dessas estudantes.

Desde essa segunda (23), o STF realiza audiências públicas para debater a PNEE e ouvir especialistas sobre a questão. Em dezembro do ano passado, a Corte acolheu a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 6590, movida pelo PSB, e suspendeu a eficácia do Decreto 10.502/20.

Mesmo com a PNEE suspensa, o Ministério da Educação (MEC) manteve a divulgação de cartilha sobre a política em seu site e realizou encontro com gestores escolares sobre a nova política. Recentemente, o Ministro da Educação, Milton Ribeiro afirmou em dois momentos que estudantes com deficiência atrapalham o aprendizado de outros alunos. A fala de Ribeiro reforça a visão contida no decreto 10.502/20 de que as crianças com deficiência sejam separadas das demais, em vez de o governo investir em políticas de inclusão e adequação das escolas para acolher todas e todos.

Além do decreto, outra questão que será abordada nas audiências é a Lei nº 14.191/2021, aprovada esse ano no Congresso Nacional, e que prevê a educação bilíngue de surdos como uma modalidade de educação separada do restante, com a organização e o financiamento, com recursos da União, de classes, escolas e centros exclusivos a estudantes surdos, não reconhecendo os benefícios e a potência da educação bilíngue na escola comum.

Movimentos de mães e pais de crianças e adolescentes com deficiência e entidades que lutam pela inclusão na educação afirmam que tanto o Decreto 10.502/20 como a Lei 14.191/21 são retrocessos graves, pois legitimam a lógica de segregação, que por décadas manteve pessoas com deficiência à margem da sociedade. Além disso, representam uma violação de direitos humanos ao se basear em uma concepção discriminatória, que responsabiliza a pessoa com deficiência pelas dificuldades na inclusão escolar, desresponsabilizando as estruturas e políticas do Estado.

ANDES-SN em luta
O ANDES-SN tem avançado nas lutas contra as opressões e o combate ao capacitismo e a luta pela educação inclusiva são pautas fundamentais para o Sindicato Nacional. A diretoria da entidade esteve presente no ato no STF. Jennifer Webb Santos, 3ª tesoureira reforçou a importância da luta e repudiou as manifestações do Ministro da Educação.

“O ANDES-SN segue junto na luta contra exclusão e em defesa de uma educação verdadeiramente inclusiva. Por isso, estamos aqui nesse protesto pela revogação do decreto 10.502, que impõe retrocessos graves que expressam a política excludente e capacitista desse governo, presentes também nas falas recentes do ministro da Educação, Milton Ribeiro. O ANDES-SN em luta é também um sindicato que defende a educação inclusiva para todas e todos”, afirmou a diretora do Sindicato Nacional.

Decisão congressual
No 39º Congresso do ANDES-SN foram aprovadas resoluções que materializam as ações do sindicato no enfrentamento ao capacitismo, entre elas, que as seções sindicais construam estratégias para garantir a acessibilidade e a participação de pessoas com deficiência em suas atividades; a realização de levantamento em conjunto com os técnicos e estudantes sobre as pessoas com deficiência nas Universidades, Institutos e Cefets e organização de seminários para debater o Capacitismo e formas de superá-lo, com a eliminação das barreiras existentes para que as pessoas tenham direito a exercerem suas funções, entre outros.

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