Mudanças tecnológicas, organização da luta docente e multicampia foram abordadas no terceiro dia de encontro na Unila

Publicado em 08 de Dezembro de 2022 às 19h07. Atualizado em 08 de Dezembro de 2022 às 19h16

Dentro da programação do evento do ANDES-SN na Unila, aconteceu na manhã (8) desta quinta-feira (8) o debate "Universidade, pandemia e mudanças tecnológicas na AL: uma nova forma de exclusão", com as professoras Amanda Moreira (UERJ/Bra) e Juliana Melim (UFES/Bra) e os professores Ivan Lopez (UNAM/Mex) e Javier Blanco (UNC/Arg).

O evento reúne o II Seminário Internacional Educação Superior na América Latina e Caribe e Organização dos/as Trabalhadores/as, I Seminário Multicampia e Fronteira e o I Festival de Arte e Cultura: Sem fronteiras, a arte respira lucha (arte respira luta. Luta respira arte), que acontecem de forma intercalada, de 6 a 9 de dezembro. 

As falas da mesa abordaram a plataformização do trabalho docente, os impactos na pandemia no aprofundamento da super exploração e precarização do trabalho e do ensino e a expansão da educação e do trabalho remotos. O cenário brasileiro se repete em outros países da América Latina, de acordo com as explanações da mesa, que expressaram a preocupação com as atuais condições de trabalho e também de organização da categoria docente.

Amanda Moreira lembrou que a educação não fica imune às alterações do mundo do trabalho e destacou que a pandemia criou o cenário perfeito para ampliação da plataformização na Educação.

“A precarização [do trabalho docente} é de longa data, mas com a plataformização, a separação entre trabalho e vida deixa de existir. Isso traz aspectos ainda mais avassaladores da precarização”, afirmou, ressaltando ser importante “criar formas de diálogo com a categoria para avançar na mobilização”.

Desafios da multicampia
“Os desafios das universidades públicas multicampi no Brasil”, foi o tema do painel com diversas seções sindicais do ANDES-SN. Milton Pinheiro (Uneb), Kate Lane (UFF), Túlio Lopes (Uemg), Valmiene Farias (Ufam), Claudio Fernández (IFRS), Gilberto Calil (Unioeste) abordaram os desafios para o movimento docente nessas instituições.

As falas apresentaram as experiências de suas seções sindicais na organização da categoria e no enfrentamento às diversas particularidades dessa forma de estruturação de várias universidades federais e estaduais. Trouxeram também as dificuldades internas do movimento sindical de perceber as diferenças das condições de trabalho nos campi centrais e naqueles interiorizados.

As e os palestrantes, bem como as e os participantes que trouxeram questionamentos, destacaram a necessidade do ANDES-SN intensificar a luta por melhores condições de trabalho, acesso e permanência estudantil nessas instituições multicampi, bem como de avançar na reflexão de como ampliar e fortalecer a organização da categoria e a participação docentes nos espaços do sindicato, como as assembleias de base.

Milton Pinheiro, que também é vice-presidente do ANDES-SN, ressaltou que a universidade multicampi é um aparelho de perspectiva hegemônica em disputa. “O fazer universitário é rico e é uma contradição em processo, que estimula uma necessidade de entender a região, uma perspectiva de encontrar objetos de pesquisa nas mais diversas regiões e também permite uma perspectiva de docência articulada com as necessidades da comunidade e de uma extensão séria voltada para segmentos populares”, ressaltou.

No entanto, segundo ele, essas características não conseguem se impor em muitas instituições devido à parca autonomia financeira das universidades, que segundo não permite responder a essa contradição em disputa que é uma universidade multicampi.

“O olhar do sindicato é da perspectiva da categoria e da organização sindical e da construção de uma universidade, que não é essa que temos no momento”, lembrou o diretor do ANDES-SN.

A professora Valmiene Farias, da Federal do Amazonas, falou da dificuldade de organização sindical, especialmente nesse último período. “Muitos professores têm se tornado alheios à luta. Em nosso sindicato, nos últimos dois anos, estávamos preocupados em sobreviver. E acredito que tenhamos acumulado a luta, nesse ano de 2022, no nosso retorno às ruas para derrotar Bolsonaro”, avaliou.

“É uma tarefa hercúlea retomar questões que são fundamentais para a luta, nesse momento de reorganização da esperança. Precisamos colocar o pé no chão, no otimismo da vontade e no pessimismo da razão” acrescentou, ressaltando o papel estratégico da comunicação. “É necessário trazer os docentes para as assembleias e para a organização sindical”, afirmou.

Arte e Cultura
As mesas desta quinta (8) foram antecedidas das apresentações musicais do professor da Unila, Marcelo Villena, e da professora da Ufac, Ana Lúcia Fontenele. A noite desse terceiro dia de encontro foi reservada para a celebração de dez anos do Cinelatino, com a exibição do filme “Eami”, de Paz Encina, seguido de um debate sobre o filme.

Ainda na programação, a atividade “Sem fronteiras: a arte respira lucha”, com “Piseras do Embauba”, com Mulheres do coco”, “Herencia Latina”, com o Grupo Musical de Salsa e Performance com Tambores de Carimbó, com Priscila Duque, do Belém do Pará.

Confira a programação do último dia de evento
Dia 09/12 - Unila/Jardim Universitário e Mini-auditório Sala 203

9h - Apresentações artísticas do Festival de Cultura da Unila
9h30 - 11h: Mesa 7 - O papel da arte e da cultura na resistência de nossos povos da América Latina:
- Félix Eid - professor de música da Unila
- Priscila Duque - Artista do carimbó de Belém do Pará
- Priscila Rezende - artista visual e performer de Belo Horizonte
11h - 12h30: Apresentações artísticas
Grupo Mylpha de Música e dança latino-americana
Priscila Duque - Performance com tambores do carimbo
Priscila Rezende – Performance
16h - 22h: Programação do Festival de Cultura da Unila e I Festival de Arte e Cultura do ANDES-SN
19h - Show da Caravana Tonteria, de Leticia Sabatella e músicos (Local: Auditório Martina)
22h - Festa final no espaço cultural A Casa.

Leia também:
Segundo dia de evento na Unila tem debate sobre multicampia, povos originários e afrodescendentes


Em Foz do Iguaçu, ANDES-SN realiza ato em defesa da Educação Pública e pela Integração Latino-americana

Evento em Foz do Iguaçu (PR) discute Universidade Pública, organização sindical e opressões na América Latina

Compartilhe...

Outras Notícias
ÚLTIMAS NOTÍCIAS
EVENTOS
Update cookies preferences