Países mais pobres não têm previsão de plano de vacinação em massa contra Covid-19

Atualizado em 20 de Janeiro de 2021 às 14h12

Enquanto muitos países iniciam o processo de vacinação em massa contra a Covid-19, as regiões mais pobres continuam sem previsão ou garantias para o início da imunização. Segundo dados do grupo de pesquisa Our World In Data, em tradução livre "Nosso Mundo em Dados", mais de 12 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 foram administradas até o início de 2021 em cerca de 30 países em todo o mundo. 

Para países do continente africano - com exceção de Guiné, que iniciou a vacinação da Sputnik V para grupos vulneráveis -, até agora não há confirmação de um plano de vacinação. A África do Sul, que é um dos países de melhor desenvolvimento da região, têm previsão de chegada ao país apenas para o período de abril a junho de 2021.

No total, estima-se que cheguem à região 270 milhões de doses, por meio do programa Covax, iniciativa global da Organização Mundial da Saúde (OMS) de distribuição igualitária das vacinas. Este é o cenário imaginado pela organização, mas pode não se concretizar.

Para o primeiro semestre, a previsão é de que o país receba apenas 50 milhões de doses, fornecidas pela AstraZeneca e Johnson & Johnson, equivalente a 10% da população. No entanto, de acordo com relatório publicado pela agência de notícias Reuters, milhões de pessoas da África do Sul e de outros países mais pobres podem ficar sem acesso às vacinas até o ano de 2024.

Quando quebrar patentes não basta
Enquanto a África busca apoio para a imunização, os países mais ricos possuem quase todo o estoque e encomendas de vacinas, equivalente a toda população mundial, conforme o Centro de Inovação para a Saúde da Universidade de Duke (EUA). Apesar de o continente africano ter, por exemplo, mais que o dobro da população que os países da União Europeia, os europeus são os que mais têm estoque garantido.

Para piorar o nível de desigualdade, a Organização Mundial do Comércio (OMC) ainda encontra como principal barreira de promover acesso igualitário às doses da vacina à lei da propriedade intelectual. Entretanto, mesmo com a quebra de patentes, não seria o suficiente para imunizar a população de países muito pobres. Nessas regiões mais pobres e isoladas existem a dificuldades em receber, transportar e armazenar as vacinas. 

Vacinar é também uma escolha política
A Universidade Northeastern divulgou um estudo em que explica que a distribuição equitativa de vacinas evitaria mais mortes de Covid-19. Os pesquisadores criaram dois cenários: um em que 2 bilhões de doses de uma vacina são monopolizados por 50 países ricos, e outro em que essa mesma quantidade é distribuída com base na renda de cada país. No primeiro cenário, as mortes de Covid-19 seriam reduzidas em um terço (33%) a nível mundial. Com uma partilha equitativa, a redução evitaria 61% dos óbitos.

Um exemplo de governo que deliberadamente tomou decisões políticas desiguais é Israel. Apesar de ter números adicionais de doses que seriam mais do que suficientes para os dois milhões e meio de palestinos adultos que vivem na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, Israel não pretende fornecer nenhuma das vacinas aos cidadãos não judeus. O país rejeitou até mesmo um pedido de vacina feito pela OMS para imunização de médicos palestinos. 

Brasil
Mesmo com a vacinação iniciada em alguns estados nos últimos dias, o Brasil ainda não tem um plano de vacinação efetivo que abarque toda a população do país. O governo federal tem tratado com descaso a imunização no país. Diante disso, o Supremo Tribunal Federal cobrou que o governo federal apresente uma atualização do plano nacional de imunização com o cronograma de vacinação dos grupos de risco já que os imunizantes estão autorizados para uso emergencial no Brasil.

Fonte: CSP-Conlutas
Edição e acréscimo de informações de ANDES-SN
Foto: David Mark/Pixabay 

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