UFF atropela debates da comunidade acadêmica e aprova calendário escolar para graduação

Publicado em 20 de Julho de 2020 às 16h49

Em mais uma decisão aligeirada e sem o tempo necessário para a comunidade acadêmica debater um tema tão complexo, o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPEx) da Universidade Federal Fluminense (UFF) votou e aprovou a reorganização dos Calendários Escolar e Administrativo dos cursos de Graduação para 2020, em reunião realizada na manhã de sexta-feira (17). Vários departamentos da UFF não conseguiram se posicionar ou indicaram adiamento da decisão.

A deliberação ocorreu apesar da reivindicação de diversos setores da universidade – entre eles a Associação dos Docentes da UFF (Aduff Seção Sindical do ANDES-SN) - de que o calendário passasse primeiro por um amplo debate na universidade e que o Conselho Universitário (CUV) deliberasse sobre a política educacional da UFF durante a pandemia. A Aduff SSind. defendia o adiamento da apreciação da minuta ao menos até a realização da reunião extraordinária do Conselho Universitário da UFF, prevista para quarta (22). 

A convocação da reunião extraordinária do CUV para “Discutir e estabelecer critérios para o funcionamento da UFF na pandemia” só foi possível porque conselheiros se mobilizaram e protocolaram documento neste sentido. A sessão ocorrerá quatro meses após o início da crise sanitária que já matou mais de 75 mil pessoas no Brasil. O regimento dos conselhos superiores da instituição prevê essa possibilidade mediante a assinatura de pelo menos 1/3 de seus membros. A reunião vinha sendo reivindicada por docentes, técnico-administrativos e estudantes desde o início da pandemia.

Para a presidente da Aduff-SSind, Marina Tedesco, não faz sentido aprovar o calendário antes da principal instância deliberativa da universidade debater como a UFF funcionará na pandemia. “É como escrever um projeto de pesquisa e fazer o cronograma das atividades antes de saber sobre o que é e como vai se dar a pesquisa”, compara. “Foi mais uma decisão aligeirada que tomou para si um debate que é de toda a comunidade universitária e do próprio Conselho Universitário”, critica a docente. 

A minuta aprovada na reunião do CEPEx também sofreu críticas porque prevê o retorno do calendário acadêmico com atividades remotas sem fazer uma avaliação dos resultados do ensino remoto durante as Atividades Acadêmicas Emergenciais (ACE) no período letivo especial para concluintes. 

“A decisão apressada atropela o trabalho das unidades no levantamento das condições necessárias para o retorno das atividades acadêmicas e administrativas e influencia negativamente na autonomia didático-pedagógica das coordenações e dos departamentos na elaboração de propostas para a retomada dos calendários”, destacou, na reunião do CEPEx, a conselheira Andrezza Aparecida Franco Camara.

Calendário
De acordo com a minuta aprovada pelo CEPEx, o primeiro semestre letivo de 2020 na UFF começa no dia 14 de setembro e vai até 15 de dezembro. O segundo semestre ocorrerá entre 1° de fevereiro e 10 de maio. A decisão autoriza, em caráter excepcional, a substituição das atividades acadêmicas presenciais de componentes curriculares teóricos, práticos e/ou teórico-práticos dos cursos de graduação presencial da UFF por atividades remotas, mediadas por tecnologias digitais de informação e comunicação, durante o período de pandemia da Covid-19. A inscrição nas disciplinas é facultativa.

Pesquisa com discentes
A UFF realizou um mapeamento de acesso digital dos discentes da instituição entre 15 a 26 de maio de 2020. De acordo com material divulgado pela universidade, os resultados desta pesquisa representam uma análise descritiva do perfil de acesso digital de uma população de estudantes de Graduação e Pós-Graduação da UFF, para contribuir com a qualificação das políticas de inclusão e acesso digital na instituição. A pesquisa foi respondida por apenas 9.777 estudantes (sendo 9.245 de graduação e 532 da pós).

A UFF tem, atualmente, 58.035 estudantes matriculados na graduação, segundo informação do UFF Transparência, sendo 41.440 em cursos presenciais. Dos 9.245 estudantes da graduação que responderam, pelo menos 9,85% (911) disseram não ter acesso à computador. Quando questionados sobre acesso à internet banda larga, 11,82% (1093) disseram ter acesso limitado ou restrito e sobre a qualidade desse acesso, 12,85% considerou péssimo ou ruim.

Na pós-graduação, apenas 532 estudantes participaram do questionário, de um total de 8253 matriculados em 2019, segundo dados da UFF. A quantidade de respondentes não representa nem 7% do número total de discentes em cursos de stricto e lato censo da instituição.

Fonte: Aduff SSind,
Com edição e inclusão de informações ANDES-SN. Imagem: reprodução da internet/Aduff SSind.

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