Famílias acampadas em Vitória da Conquista (BA) estão sob risco de desocupação

Publicado em 15 de Julho de 2021 às 16h31. Atualizado em 15 de Julho de 2021 às 16h51
Famílias protestam em frente a Prefeitura | Foto: Conquista Repórter

Em plena pandemia, a prefeitura de Vitória da Conquista (BA) continua a pressionar pela desocupação do Acampamento Terra Nobre, que abriga dezenas de famílias. Após a ação responsável pela derrubada das casas durante o São João, o movimento foi recentemente notificado a sair do terreno.

De acordo com informações do movimento Asterras, responsável pela organização do Acampamento Terra Nobre, uma notificação da Prefeitura foi entregue na terça-feira da semana passada (6/7) e exigia a desocupação em até 72 horas. Depois de dura negociação e protestos na última semana, a prefeitura se comprometeu em não desocupar a área enquanto realiza o levantamento sobre a situação das famílias, que foi iniciado nessa semana.

Na avaliação de Suzane Tosta, vice-presidente da Associação dos Docentes da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Adusb – Seção Sindical do ANDES-SN), a prefeitura não pode simplesmente ordenar o despejo do Acampamento Terra Nobre, é necessário levar em conta a vulnerabilidade social, pois são “famílias que não possuem teto, que não possuem trabalho, e que se organizaram nesse movimento em um contexto de pandemia, de dificuldade dessas famílias se reproduzirem [socialmente], uma vez que são trabalhadores, sobretudo do setor informal”, ressaltou a docente.

Em conjunto com o Fórum Sindical e Popular de Vitória da Conquista, o Acampamento Terra Nobre convocou protesto em frente à prefeitura na manhã do dia 7. Os manifestantes foram impedidos de entrar no prédio público pela presença massiva da Guarda Municipal. Pressionado pela mobilização, o Secretário de Administração, Kairan Figueiredo, agendou reunião para o turno da tarde.

“O objetivo da reunião da nossa parte foi demonstrar nossa preocupação com a segurança das famílias, a integridade física e mental, e evitar mais um momento como aquele que aconteceu com a tentativa de despejo na madrugada do São João. Também saber se existe por parte da Prefeitura o interesse em atuar e desenvolver alguma política de moradia”, afirmou Suzane Tosta, que participou das negociações como membro do Fórum Sindical e Popular.

Representantes da prefeitura insistiram durante toda reunião que o Acampamento Terra Nobre é irregular e que tomará providências para a desocupação. O Asterras e o Fórum Sindical e Popular buscaram sensibilizar o Poder Público sobre a vulnerabilidade das famílias que ocupam o local e seu papel social em atender às necessidades da população.

Os representantes do Asterras alertaram ao fato de que a situação de profunda vulnerabilidade social das famílias não requer apenas local de moradia, mas também recursos de sobrevivência. Portanto, o movimento reivindica o chamado “quintal produtivo”, espaço de terra em que as famílias possam plantar alimentos para consumo.

Ao final do debate, os representantes da prefeitura acordaram em adiar a desocupação para realizar um levantamento sobre situação das famílias e avaliação da possibilidade de remanejamento. O Secretário de Infraestrutura Urbana, Jackson Yoshiura, foi contundente em afirmar que “depois da conclusão do trabalho da assistência social, o Município de uma forma ou de outra irá agir. De uma forma ou de outra, isso é um fato”.

As famílias do Acampamento Terra Nobre e o Fórum Sindical e Popular de Vitória da Conquista continuam mobilizados contra a desocupação do terreno, bem como em luta por moradia e pela dignidade das famílias acampadas.

Fonte: Adusb SSind. com informações e imagens do Conquista Repórter. Edição do ANDES-SN

Compartilhe...

Outras Notícias
ÚLTIMAS NOTÍCIAS
EVENTOS
Update cookies preferences