Luta da universidade pública na Argentina e no Brasil

Atualizado em 16 de Abril de 2019 às 18h40

A luta da universidade pública e da classe trabalhadora na Argentina e no Brasil pautou a mesa do segundo dia (11) do Seminário Internacional do ANDES-SN. Com o tema “Universidade, Ciência e Classe em uma era de crises”, o evento ocorreu no auditório da Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (Adunb – SSind.)

Claudia Baigorria, secretária adjunta da Federação Nacional dos Docentes e Pesquisadores Universitários da Argentina (Conadu Histórica), contou sobre a universidade e a organização do movimento sindical na Argentina. Ela abordou a reforma de Córdoba, em 1918, um marco para o projeto de universidade latino-americana. Também tratou do governo de Perón que em 1949 instituiu a gratuidade do no ensino universitário. As políticas neoliberais de Carlos Menem, na década de 1990, com a tentativa de cobrar mensalidades nas universidades foram citadas. Uma das maiores conquistas da categoria, com o I Acordo Coletivo de Trabalho, em julho de 2015, recebeu destaque da professora.

Segundo a docente, a situação do país piorou com os sucessivos ataques do governo de Mauricio Macri aos serviços públicos, como na Saúde e Educação. As universidades públicas concentram mais de 79% dos estudantes do país. Mesmo assim, de acordo com ela, o governo macrista adota uma política de rebaixamento salarial e de cortes no orçamento para pesquisa e desenvolvimento.  “São muitas as investidas desse governo, mas seguimos fazendo a resistência para não perder tanto. Este ano, perdemos 20% dos nossos salários com a inflação, que é galopante no nosso país”, contou.

Eblin Farage, secretária geral do ANDES-SN, explicou que o capitalismo não consegue mais responder às suas próprias contradições. A exploração da força de trabalho, a apropriação do fundo público e o apassivamento da classe trabalhadora - nos projetos de conciliação de classe que marcaram a América Latina-, são exemplos.

No âmbito nacional, Farage acrescentou a ascensão da extrema direita no Brasil e as perseguições sofridas nas instituições de ensino superior públicas e sindicatos. A secretária geral elencou as contrarreformas do Ensino Médio e Trabalhista, assim como a Lei das Terceirizações e a Emenda Constitucional 95, como grandes ataques aos direitos dos trabalhadores e juventude. “Vivemos uma fase em que a classe trabalhadora está na defensiva, estamos lutando para não perder os direitos conquistados”, disse.

Segundo Farage, dentro das instituições, o projeto do Capital caminha para destituir o sentido de uma educação pública. “Essas medidas acabam atingindo o ensino superior e o modelo de universidade pública que defendemos. A intensificação do trabalho é um exemplo que tem levado ao adoecimento docente, além do assédio moral e sexual dentro das instituições”.

Para ela, a Constituição Federal de 1988 foi uma conquista muito importante, porém o fato de não ter sido regulamentada, pesa nos dias de hoje. “O projeto que desenvolvemos desde a redemocratização não atende os interesses da classe trabalhadora”, disse.

Por fim, a diretora do ANDES-SN acrescentou: “Cabe a nós, em novo momento de crise, em que somos desafiados a mais uma vez a reorganizar a classe trabalhadora, pensar em quais termos se dará essa organização. Temos que assumir a luta de classes como condição da defesa de um projeto de educação. O projeto que defendemos não é possível na lógica do Capital”, concluiu.

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