Primeiro de maio é marcado por ato classista e defesa dos direitos sociais e democráticos

Atualizado em 05 de Maio de 2020 às 12h54

 

 
Neste ano, o 1° de maio, Dia de Luta dos Trabalhadores e Trabalhadoras, aconteceu em um difícil momento. A crise social, política e econômica já existente foi agravada pela pandemia da Covid-19. No Brasil, oficialmente, são mais de 7 mil mortes e 100 mil casos confirmados de pessoas contaminadas com o novo coronavírus. Os números podem ser bem maiores devido às subnotificações. 

Em decorrência do isolamento social, o tradicional 1° de Maio, que é a data mais simbólica da história do movimento sindical, ocorreu este ano de forma inédita. De manhã, o Fórum Sindical, Popular e de Juventudes de Luta pelos Direitos e pelas Liberdades Democráticas realizou um ato virtual em defesa dos salários, empregos, direitos sociais e democráticos. O ato contou com a participação de diversas entidades, entre elas o ANDES-SN, e movimentos sociais. Os professores Virgínia Fontes e Ricardo Antunes foram destaques. 
 
Nas saudações e explanações dos participantes foi reforçado que a vida precisa estar acima dos lucros; a necessidade da taxação de grandes fortunas; que, neste momento, os governos precisam garantir as condições para o  isolamento social, sem causar demissões ou cortes salariais; e que as autoridades fortaleçam a rede de proteção social de amparo aos milhões de trabalhadores, que vivem na informalidade e na pobreza. 
 
Já a CSP-Conlutas e a Intersindical – Instrumento de Luta realizaram um ato classista, de luta e internacionalista no final da manhã. Participaram lideranças sindicais e representantes de partidos políticos de esquerda. O ato contou também com apresentações culturais e populares. As duas centrais decidiram promover um ato sem as demais, após o anúncio de que essas haviam convidado políticos que atacam os direitos da classe trabalhadora no Congresso Nacional e nos estados para participar do ato organizado por elas. 
 
A manifestação da CSP-Conlutas e a Intersindical foi virtual e marcada pelo chamado à luta para derrotar o governo de Jair Bolsonaro e Mourão. Os convidados expuseram manifestações em defesa da vida, do emprego, de renda para todos e por uma quarentena geral. As lutas e a capacidade de auto-organização da classe também foram exemplificadas nas falas de vários dos participantes. À noite, houve um panelaço pela saída de Jair Bolsonaro da presidência.
 
Segundo Antonio Gonçalves, presidente do ANDES-SN, o ato das centrais foi importante e representativo e, ainda, marcou uma posição classista da data. "A CSP-Conlutas fez uma reunião emergencial da Secretaria Executiva Nacional e deliberou pela saída do ato com as demais centrais, por entender que o 1° de maio seria um dia de manifestações de unidade da classe trabalhadora e não um ato com os inimigos da classe que estão nos retirando direitos. O ANDES-SN entende que para lutar por direitos e liberdades democráticas é importante fazer unidade de ação com as demais categorias da classe trabalhadora. Agora, é importante fazer uma separação do que significa unidade de ação para lutar por direitos e liberdades democráticas para a classe trabalhadora. Esse tipo de unidade nós fazemos com outras categorias, respeitando a independência e autonomia de classe, o que é diferente de fazer uma aliança tática com frações da burguesia para derrotar o fascismo", afirmou.
Ataques a enfermeiros
No dia 1º de maio houve também um ato simbólico dos profissionais de saúde do Distrito Federal em frente ao Palácio do Planalto. Os auxiliares e técnicos de enfermagem, enfermeiras e enfermeiros seguraram cruzes de madeira e prenderam faixas pretas nos braços. O protesto, segundo o Sindicato dos Enfermeiros do DF, tinha como objetivo defender o isolamento social durante a pandemia, homenagear os trabalhadores da enfermagem do país que morreram e os que continuam lutando contra o novo coronavírus e, ainda, mostrar a importância desses profissionais.
 
Parados em filas, mantendo o distanciamento social de alguns metros e usando máscaras, os manifestantes expuseram a falta crônica de condições de trabalho, que piorou ainda mais nessa pandemia. Em alguns jalecos havia cartazes com frases de protesto em referência aos mortos pela Covid-19.
 
O ato silencioso foi interrompido por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro que confrontaram algumas enfermeiras. Um deles apontou os dedos para elas, que mantiveram a calma e permaneceram em silêncio na maior parte do tempo. Os agressores seguiram provocando, com palavrões e ameaças de agressões. Diante da possibilidade de serem agredidos e da quebra do isolamento social, os manifestantes da saúde encerraram o protesto.
 
O presidente do ANDES-SN classificou as agressões dos apoiadores do presidente como protofascistas. "Esse episódio denota a gravidade da conjuntura e da importância de unidade da classe trabalhadora para derrotar qualquer risco de fechamento do regime e de retirada das poucas liberdades democráticas". 
 
Origem do Dia do Trabalhador
A data foi estabelecida em 1889 no Congresso da Internacional Socialista, ocorrido em Paris, que reuniu os principais partidos socialistas e sindicatos de toda Europa. Ao escolher 1º de maio como Dia do Trabalhador, os participantes desse encontro prestaram uma homenagem aos operários dos Estados Unidos. Três anos antes, os norte-americanos organizaram uma campanha por melhores condições de trabalho, fazendo mais de 1,5 mil greves em todo o país. Uma das principais reivindicações era a garantia da jornada de oito horas diárias.
 
 
*Com informações da CSP-Conlutas

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