Consuni da Unirio aprova revisão de atos que indeferiram matrícula da estudante cotista Amanda Gomes

Publicado em 23 de Fevereiro de 2022 às 11h19

Depois de quase dois anos de reivindicação e luta, o Conselho Universitário (Consuni) da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) concluiu, na última quinta-feira (17), a discussão sobre cotas na instituição e o caso da estudante Amanda Gomes. Com 57% dos votos válidos, a sessão do Consuni deliberou que deve ser feita a revisão dos atos administrativos que indeferiram a matrícula da estudante.

Em nota, a Associação dos Docentes da Unirio - Seção Sindical do ANDES-SN (Aduniro SSind), ressaltou que "a representatividade do apoio à causa da discente, porém, pode ser considerada ainda mais ampla dentro da comunidade acadêmica do que expressa esse resultado, haja vista que cerca de 10% dos votos do conselho, atualmente, são de membros não eleitos, designados pelo reitor".

A sessão do Consuni do dia 17 foi o quarto evento a dar continuidade à 506ª sessão, iniciada em 3 de setembro. A reitoria, porém, só permitiu que o ponto reivindicado pela comunidade acadêmica fosse colocado em pauta no dia 10 de fevereiro. "Ainda assim,  interrompeu bruscamente a discussão naquele momento, deixando dois blocos de conselheiros inscritos perplexos diante do autoritarismo", relata a Adunirio SSind.

O tema foi então recolocado em pauta na última semana e, como resultado, ocorreu a deliberação pela revisão dos atos administrativos da reitoria. "Demonstrou-se, assim, que a estratégia da reitoria de vencer os conselheiros pelo cansaço não funcionou e acabou, além disso, desgastando ainda mais a imagem da reitoria", afirmou a seção sindical do ANDES-SN na Unirio.

Durante a discussão, a reitoria tentou, ainda, utilizar como argumento favorável à sua posição os efeitos da sua própria resistência para discutir o caso. "Tentou constranger os conselheiros alegando que não poderiam deliberar sobre uma disputa que a reitoria se esforçou para restringir ao campo judicial por um ano. Os presentes, porém, reafirmaram seu compromisso com o direito da estudante ter seu processo devidamente revisto e de ser reintegrada à universidade", informou a Adunirio SSind.

Entenda o caso
Amanda Silva Gomes é uma jovem negra, atriz, diretora artística e professora de teatro da companhia de teatro Megaroc, de Realengo. Foi aprovada em primeiro lugar nas vagas de ação afirmativa do vestibular 2020.1 para o Curso de Licenciatura em Teatro na Unirio, algo que permitirá aprimorar seu trabalho como professora de teatro, realizado desde 2013 na zona oeste do Rio de Janeiro – uma área periférica esquecida pelas políticas públicas de cultura e educação.

Entretanto, a administração da Unirio indeferiu a matrícula de Amanda após orientar de forma equivocada o procedimento para a realização da mesma. Depois disso, a instituição tem mobilizado seu aparato administrativo e jurídico para impedir que a injustiça seja reparada. Amanda conhece pelo menos mais três cotistas que também tiveram problemas com a sua integração na Unirio.

O movimento #AMANDAFICA produziu um abaixo-assinado que já conta com cerca de 30 mil assinaturas de apoio.

Para Amanda Silva, o cancelamento da sua matrícula representa um obstáculo com várias camadas, que passa pelo equívoco e pelo autoritarismo de uma burocracia que perpetua exclusões. “Há uma falta de cuidado e zelo em garantir ao aluno, o direito ao estudo”, explica a estudante. “É necessário atenção e orientação específica aos alunos cotistas, já que para nós, a quantidade de documentação requerida é muito maior”, completa.

*Com informações e imagens da Adunirio SSind.

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