Docentes das universidades estaduais de MG pressionam governo por cumprimento de acordo

Publicado em 17 de Fevereiro de 2022 às 16h40. Atualizado em 17 de Fevereiro de 2022 às 16h54
Em 2016, docentes da Uemg e Unimontes realizaram uma greve de 106 dias que foi suspensa após assinatura de acordo judicial, o qual nunca foi cumprido pelo governo do estado. Foto: Aduemg SSind.

Docentes das universidades estaduais de Minas Gerais (Uemg) e de Montes Claros (Unimontes) continuam sofrendo com perdas salariais, com a remuneração fragmentada em benefícios não incorporados, com o não pagamento do regime de dedicação exclusiva e com a carreira desestruturada, além da falta de estrutura e investimento, por parte do governo do estado, nas instituições. Sem reajustes na remuneração há mais de uma década, a categoria cobra do governador Romeu Zema (Novo) o cumprimento de um acordo judicial firmado em 2016, que resultou na suspensão da greve de 106 dias realizada pela categoria docente naquele ano.

O chamado “Acordo de Greve”, que inclui incorporações salariais, reajustes, reorganização do plano de carreira, entre outros pontos em comum para a categoria docente das universidades estaduais mineiras, nunca foi implementado. O governo alega restrições da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) para seguir descumprimento a determinação judicial, embora outras categorias tenham sido atendidas em suas reivindicações, afirma a presidenta da Associação dos Docentes da Unimontes – Seção Sindical do ANDES-SN (Adunimontes SSind.), Penha Brandim. 

De acordo com a docente, diversos setores já acusaram o Executivo mineiro de interpretar os números e as limitações impostas pela LRF a seu favor. Entre as análises que contradizem o que o governo aponta, está a do Sindicato dos Auditores Fiscais (Sindifisco), que indicou que, em setembro do ano passado, a partir da análise do Relatório de Gestão Fiscal do segundo quadrimestre de 2021, a receita tributária de Minas Gerais cresceu 30%, ao passo que o comprometimento das despesas com Pessoal em relação à despesa corrente liquida despencou. 

“Apesar da Unimontes, especificamente, ser um polo importantíssimo para o norte de MG, no que se refere a ensino, pesquisa e extensão na graduação e pós-graduação, abrangendo 13 municípios, os profissionais das universidades estaduais são tratados com descaso por esse governo”, afirma a presidenta da Adunimontes SSind.

Penha ressalta também que a reivindicação não é por reajuste salarial, embora o salário da categoria venha sendo corroído pela inflação há mais de dez anos. “O governo de Minas claramente não quer cumprir o acordo firmado com as e os docentes das universidades estaduais. O acordo foi construído para ser implementado em fases: primeiro, a incorporação de gratificações que já temos em forma de penduricalhos; em seguida, a revisão da porcentagem de Dedicação Exclusiva, bem como a concessão para os professores que ainda não a têm e, finalmente, a reposição na carreira”, detalha. “Trata-se de um acordo de baixo impacto financeiro, mas de grande significado para a consolação da carreira das e dos professores das universidades mineiras”, acrescenta.

Mobilização
A dirigente sindical conta ainda que a categoria tem, exaustivamente, buscado dialogar com o governo do estado. E, apesar de serem recebidos por representantes da Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag), não há qualquer avanço, pois os argumentos se baseiam sempre na impossibilidade de cumprimento do acordo devido à LFR. A última reunião com a Seplag ocorreu na sexta-feira (11).

“Importante destacar que o acordo apresenta hoje, um custo de implementação menor do que o previsto em 2016. Em 2016, ficou acertada suplementação orçamentária de R$ 85 milhões para atendimento às duas universidades. Em tese, R$ 42,5 milhões para cada. No caso da Unimontes, o impacto financeiro atual é de R$ 36,02 milhões, com base em dados de agosto de 2021”, comentou. 

De acordo com Penha, diante dessa situação a última assembleia da Adunimontes SSind,. realizada há cerca de dez dias, indicou a possibilidade de deflagrar, ainda em fevereiro, estado de greve. “Essa decisão será rediscutida nessa sexta-feira (18), em assembleia extraordinária, tendo em vista a recusa do governo em cumprir o acordo, conforme reunião realizada com a Seplag, no dia 11, momento em que estivemos reunidos com a Secretária Luísa Barreto”, acrescentou.

A presidenta da Adunimontes SSind. contou também que a categoria ainda aguarda deliberações judiciais e que a entidade sindical usará de todos os meios legais até que consiga o que é de direito dos e das docentes. “É preciso compreender que hoje temos um dos piores vencimentos básicos do país. Nosso salário é composto, em cerca de 50%, por gratificações que são perdidas em caso de adoecimento e licença gestante, por exemplo. Temos uma ajuda de custo que oscila mês a mês, em razão de metas absurdas. Hoje, um professor paga pelo transporte aos campi distantes, paga hotéis, sofre com jornadas exaustivas e passa por avaliações e mais avaliações repetitivas e desgastantes para manter uma situação injusta”, ressaltou.

Na Uemg, docentes também seguem mobilizadas e mobilizados para pressionar o governo. Em assembleia extraordinária realizada nessa quarta (16) pela Aduemg SSind, a categoria debateu a situação e a necessidade de efetivar uma luta mais intensa por vários meios. Ao final, foi aprovada uma série de encaminhamentos e um calendário de mobilização.
 

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